"Cortes na despesa pública terão de ser permanentes"
O economista António Nogueira Leite considerou hoje que as medidas que têm vindo a ser adotadas pelo Governo ao nível do corte da despesa pública vieram para ficar, já que é a única forma de reequilibrar as finanças públicas.
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Economia Nogueira Leite
"Os cortes terão de ser permanentes. Há expectativas de cortes importantes e permanentes na despesa", afirmou o responsável, que participou num seminário sobre o Orçamento de Estado para 2014 promovido pelo Fórum para a Competitividade, em Lisboa.
Nogueira Leite salientou que "é essencial o cumprimento das metas" estabelecidas com a ‘troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), sublinhando que "há muito em jogo neste Orçamento de Estado para 2014".
Para atingir esse objetivo, segundo o economista, "não é expectável ou desejável que tal seja feito por via do aumento dos impostos", dada a sobrecarga fiscal que atualmente sentem as famílias e as empresas portuguesas.
O responsável destacou que, apesar de tudo, Portugal já fez progressos, uma vez que "pela primeira vez o ajustamento foi feito mais pelo lado da despesa do que da receita".
Ainda assim, "Portugal continua a ter uma dívida e um défice públicos acima da capacidade da economia do país", assinalou.
Na sua opinião, não faz sentido atualmente pedir aos credores internacionais o alargamento das metas do défice público, porque o país "não conseguirá ser financiado ‘normalmente' sem uma trajetória credível da dívida pública".
A possibilidade de haver um segundo resgate também não é vista com bons olhos por Nogueira Leite, já que o mesmo acarretaria "piores perspetivas económicas e políticas muito mais exigentes" dos que as que já estão em vigor.
Segundo o economista, "a evolução da despesa de forma insustentável tem originado uma dívida de dimensão impossível de gerir", sobretudo, porque considera que Portugal "não vai ter um crescimento significativo nos próximos cinco anos".
E reforçou: "O crescimento económico vai ser muito moderado ou quase insignificante até 2016 ou 2017".
O responsável constatou que "se o Governo não atacar neste Orçamento e para a frente nas componentes da despesa, o problema estrutural da despesa pública vai agravar-se".
Face a esse cenário, Nogueira Leite antecipou que o país "chegou a um ponto em que é difícil obter financiamento sem ajuda de entidades oficiais", isto é, recorrendo aos mercados.
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