Competição internacional do Cinanima com 1.º filme de Espinho em 41 anos
A curta-metragem 'Das gavetas saem sons', a exibir hoje e no sábado no Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, é o primeiro filme de um realizador local a disputar a competição internacional do certame, desde 1976.
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A organização do evento atribui essa "honra" a Vítor Hugo Rocha, que, assinando a realização e o argumento, descreve a curta de sete minutos como uma sonoplastia de animação tradicional, que tem por base os armários musicais da instalação artística homónima de Henrique Fernandes e os transforma com pinturas manuais e digitais, para contar uma história de memórias e metamorfoses.
"O filme não tem uma narrativa convencional e trata sobretudo das ideias e recordações associadas a esses móveis e caixas de madeira, sincronizando-as com a música", explica o realizador à Lusa. "É uma espécie de sinestesia de ideias que explora um conceito interessante: o de que, tal como uma memória leva a outra, também um projeto artístico abre caminho a outro, precisamente como aconteceu com este filme", acrescenta.
Com um orçamento de 75.000 euros integralmente financiado pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual, 'Das gavetas saem sons' tem produção da Bando à Parte e envolveu ano e meio de trabalho.
É o primeiro filme de Vítor Hugo Rocha, que, embora repartindo o seu tempo entre a ilustração e o envolvimento em projetos de cinema animado como 'Fuligem' (2015), de Vasco Sá e David Doutel, até aqui só assinara em nome próprio o 'videoclip' "Airport Tunnel", para a banda OliveTreeDance.
Agora, enquanto primeiro cineasta de Espinho a ter uma obra selecionada para a competição internacional do Cinanima, em 41 anos de festival, admite que, no percurso que conduziu a esse filme, "a sementinha foi do Vasco Granja", o falecido apresentador de televisão apontado como dos principais divulgadores do cinema de animação e banda desenhada em Portugal.
"No resto, foi tudo Cinanima", garante o realizador. "Porque foi no festival que participei nas minhas primeiras oficinas de animação e que vi, ao longo dos anos, o que de melhor se faz em animação pelo mundo fora, o que acaba por ter sempre a sua influência em tudo o que fazemos", realça.
Quanto à concorrência que enfrenta na competição internacional e também na categoria relativa ao Prémio António Gaio, que distingue a melhor obra portuguesa no certame, Vítor Hugo Rocha mostra confiança nos júris, e prefere depositar as suas expectativas nos espectadores do festival.
"Se o filme inspirar alguém a criar algo novo, tal como a instalação do Henrique Fernandes me inspirou a mim, já não era um mau resultado", conclui.
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