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Associados da Casa dos Estudantes do Império homenageados

A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) vai homenagear os antigos membros da Casa dos Estudantes do Império para reforçar o "passado comum entre os povos", disse à Lusa o secretário-geral da organização.

Associados da Casa dos Estudantes do Império homenageados
Notícias ao Minuto

17:02 - 25/10/14 por Lusa

País Coimbra

"Esta homenagem era devida porque há aqui uma singularidade única no mundo de expressão oficial portuguesa que acabou por aglutinar afetividades e solidariedades, excecionais na vida dos povos. Tudo isto faz parte de um passado comum. Infelizmente, nunca foi suficientemente tratado. Quer na universidade quer nas escolas", afirmou Vítor Ramalho.

A homenagem começa quarta-feira na Universidade de Coimbra e vai prolongar-se até 25 de maio de 2015, data de um encontro sobre a Casa dos Estudantes do Império que vai decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Durante os próximos 12 meses, a UCCLA vai também reeditar várias obras dos antigos associados da Casa dos Estudantes do Império, considerados nomes "incontornáveis" da cultura e da política dos países de língua oficial portuguesa.

"A Casa dos Estudantes do Império produziu trabalhos que nós vamos agora reeditar em 24 pequenos livros" e "vamos fazer uma grande exposição sobre o que representou a Casa dos Estudantes do Império para todos estes povos e países mas também no imaginário coletivo porque não há futuro sem memória", explicou o responsável da UCCLA.

A Casa dos Estudantes do Império foi criada pelo regime salazarista em 1944, durante a II Guerra Mundial, "com o objetivo de enquadrar jovens para dirigirem as colónias onde não havia universidades", tendo sido extinta em 1965 pela PIDE, a polícia política, por ordem de Salazar.

"A partir dos anos 1950, com os ventos da descolonização, esses jovens entenderam que tinham também o direito de dirigirem os territórios de que eram originários quando fossem independentes e aprofundaram estudos na via da identidade desses territórios dando lugar a personalidades da cultura que hoje são incontornáveis", sublinha Vítor Ramalho.

Criada pela ditadura, a Casa dos Estudantes do Império acaba por albergar os jovens nacionalistas e a elite dos movimentos de independência: Partido Africano para a Independência da Guiné Bissau e Cabo Verde (PAIGC), Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), Movimento para a Libertação de Angola (MPLA) e Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), além de inúmeros intelectuais envolvidos na luta contra o colonialismo.

Com sede em Lisboa, uma delegação em Coimbra e mais tarde no Porto, a Casa dos Estudantes do Império foi sempre sujeita a uma apertada vigilância da polícia política, acabou por ser encerrada por ordem de Salazar em 1965.

Na homenagem que vai decorrer em Coimbra no dia 28 de outubro vão estar presentes o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o reitor da Universidade de Coimbra, o presidente da Associação Académica, um representante da própria Casa dos Estudantes do Império e a UCCLA, que organiza o encontro.

Na sessão de quarta-feira vão também participar o escritor Manuel Rui Monteiro (Angola), Maria Eugénia Neto, viúva do primeiro chefe de Estado de Angola; Jorge Querido (Cabo Verde); o professor universitário Pires Laranjeira responsável por vários estudos sobre a Casa dos Estudantes do Império, além do antigo ministro moçambicano, Óscar Monteiro; o escritor angolano Pepetela, o antigo embaixador de Angola em Portugal Rui Mingas; o ex-embaixador de Cabo Verde Luís Fonseca e dois portugueses que acompanharam a instituição em Coimbra: Manuel Alegre e Almeida Santos.

Segundo Vítor Ramalho, em 2015 vão estar presentes na cerimónia em Lisboa todos os presidentes e primeiros-ministros que foram sócios ativos da Casa dos Estudantes do Império.

O secretário-geral da UCCLA prevê também a publicação da listagem completa, através da documentação na Torre do Tombo, de todos os associados da instituição.

"Há uma razão acrescida para esta homenagem. A lei da vida é inexorável e as pessoas que então eram jovens e que frequentaram a Casa dos Estudantes do Império - criada em 1944 e extinta pela PIDE em 1965 - são hoje pessoas que têm mais de 70 e mais de 80 anos e, portanto, queremos aproveitar a circunstância de esses associados estarem de boa saúde", concluiu Vítor Ramalho.

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