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Vitorino, Sarmento e Rui Moreira pedem reforma do sistema político

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e os ex-ministros António Vitorino (PS) e Nuno Morais Sarmento (PSD) convergiram hoje na necessidade de reformar o sistema político, modernizando os partidos e reforçando a "participação cidadã".

Vitorino, Sarmento e Rui Moreira pedem reforma do sistema político
Notícias ao Minuto

18:23 - 11/11/14 por Lusa

Política Participação

Durante um debate subordinado ao tema "Os partidos têm mais passado que futuro ?", promovido pelo Ministério da Defesa e que decorreu no Instituto da Defesa Nacional (IDN), o também antigo comissário europeu António Vitorino começou por defender que esta "crise de confiança" só "em parte pode ser atribuída aos partidos", já que o seu papel está cada vez mais "limitado pela transferência de poderes para instâncias supranacionais e pela financialização da economia".

"Não há vantagem nenhuma em fazer dos partidos o bode expiatório de um problema mais profundo", afirmou, considerando no entanto que estes têm preferido não utilizar instrumentos constitucionais criados - "na revisão de 1997" - e que permitiriam mudanças como o voto preferencial ou a criação de círculos uninominais.

Na opinião de Rui Moreira, outro dos participantes, a par de Morais Sarmento e da historiadora Fátima Bonifácio, esta crise de confiança deve-se à falta de mudança nos partidos, que "têm resistido de forma muito corporativa", e também ao progressivo afastamento dos centros de decisão.

"O poder de fazer o que lhes é prometido já não está nos próprios partidos, são as instituições europeias que determinam o nosso futuro, o Banco Central Europeu e outras organizações, o poder judicial e os ´media'", disse o autarca do Porto.

Por seu lado, Nuno Morais Sarmento disse que na sua forma atual os partidos "têm mais passado do que futuro" e criticou a ausência de reforma do sistema político-partidário: "Desde 1982 não há mais nenhuma estrutura [do Estado] que não tenha sofrido uma mudança radical".

"A ideia de que poderemos viver com os partidos que temos no modelo em que eles existem é uma ficção", considerou.

O antigo ministro da Presidência do PSD advertiu ainda que hoje os cidadãos possuem "individualidade política" e que é "mais fácil participar fora dos partidos", com "uma intervenção direta e numa lógica em rede e não piramidal".

Sarmento considerou negativo o surgimento de fenómenos políticos europeus como o Podemos, em Espanha, ou o Cinco Estrelas, em Itália, e avisou que ou os partidos portugueses se adaptam ou serão "varridos do sistema".

Também Vitorino apontou estes novos partidos como fenómenos "populistas" sem "soluções" e que "ameaçam a democracia pluralista".

A este propósito, o antigo deputado do PS ironizou sobre a comparação que é feita entre o Podemos e o Bloco de Esquerda: "Pablo Iglesias [líder do partido espanhol] diz que quem o inspira é Hugo Chávez, eu pagava para ver a cara do doutor Louçã com Pablo Iglesias a fazer o elogio de Hugo Chavez. Pagava!".

No mesmo sentido, a historiadora Fátima Bonifácio defendeu que estes partidos "híbridos" não têm "a constância e permanência de uma governação que tenha efetividade", mantendo-se um "problema de representação".

Durante o debate, Morais Sarmento apontou o caso de Rui Moreira, que venceu no Porto sem pertencer a qualquer partido político, para salientar o que disse ser uma reação da comunidade aos partidos.

"Na cidade do Porto os partidos erraram, não perceberam, independentemente do meu posicionamento [partidário], a vontade da comunidade da cidade do Porto e o que é aconteceu ? A comunidade organizou-se", afirmou.

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