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Conflitos atuais na Europa "resultam de uma guerra mal resolvida"

A Grande Guerra foi "só há 100 anos" e falar dela é "fundamental para entender o que se passa hoje" na Europa, onde decorrem vários conflitos, defendeu Nuno Lemos Pires, professor da Academia Militar.

Conflitos atuais na Europa "resultam de uma guerra mal resolvida"
Notícias ao Minuto

12:43 - 03/10/15 por Lusa

País Professores

A propósito da exposição "Portugal e a Grande Guerra", que decorre a partir de segunda-feira, e até 11 de novembro, na Academia Militar da Amadora, o comandante de corpo de alunos e professor nesta instituição afirmou que "falta dizer muito" sobre este conflito.

"Falta falar do enorme sacrifício que foi para toda a população portuguesa enviar dezenas de milhares de portugueses para Moçambique, Angola e para a Flandres, o sacrifício imposto na retaguarda relativamente a esses custos e o que foi viver no pós guerra, quando as famílias retornaram a suas casas e tiveram de conviver com feridos, mortos e gaseados", disse.

Para este tenente-coronel de Infantaria/Operações Especiais, a Primeira Guerra Mundial -- conhecida como a guerra das trincheiras -- foi "a mais aberrante que aconteceu na frente ocidental".

A primeira guerra "desenvolveu-se em todo o mundo, foi global -- nos mares, em terra, na frente oeste, leste, na zona mediterrâneo e zonas como África - mas o que fica na memória são as trincheiras da Flandres, da frente ocidental, onde em apenas um dia de combate morriam centenas de milhares de homens".

"Morreram milhões de homens na frente oriental. Na chamada Ofensiva Brusilov, um milhão de homens morreu para conquistar 30 quilómetros. Não faz sentido", acrescentou.

Nuno Lemos Pires, filho do general Mário Lemos Pires, antigo governador de Timor-Leste, recorda que, "para a História, 100 anos não é nada. Foi apenas há 100 anos".

"Estamos agora a viver os efeitos da primeira guerra mundial, da segunda guerra mundial, dos tratados do final do século XIX, de Berlim, e outros".

E prossegue: "Hoje falamos muito da Síria e do Iraque, falamos dos tratados de Sykes-Picot (1916), que finalizam um arranjo entre britânicos e franceses, uma arquitetura geopolítica de territórios onde está hoje o Iraque, a Síria, a Jordânia, etc, que resultam de uma guerra mal resolvida".

"Falar desta guerra é fundamental para entender o que se passa. Hoje a guerra está presente na Europa. Temos a guerra nas nossas fronteiras, temos o caso da Ucrânia, da Crimeia, temos um clima de hostilidade muito perto das fronteiras de Europa. E temos toda a bacia mediterrânica, que está envolvida em sérios casos de ameaças à segurança".

Por isso, "hoje, mais que nunca, vale a pena olhar para estas guerras, que foram há muito pouco tempo, que definiram fronteiras, novos países, novas realidades, deixaram rancores e ódios que não estão resolvidos".

"E porque não estão resolvidos, vale a pena ir à origem da guerra para aprender com os erros e olhemos para a nova situação geopolítica e, olhando para a frente, encontrar soluções".

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