Comerciantes confiam em ponte para resolver problema das cheias
Os comerciantes da baixa de Sacavém, em Loures, fartos de inundações nos seus estabelecimentos, esperam que a construção de uma nova ponte sobre o rio Trancão evite que o problema se repita nos próximos invernos.
© Lusa
País Sacavém
A obra, da responsabilidade das Estradas de Portugal (EP), contempla a substituição do atual tabuleiro, datado da década de 40 do século passado, assim como o aumento do vão da ponte, explicou à agência Lusa fonte da empresa.
O prazo de execução da obra, que devia ter começado em setembro e ainda não tem data prevista para o arranque, é de um ano e representa um investimento de 2,5 milhões de euros.
O projeto está a gerar expetativa junto de comerciantes da baixa de Sacavém, que todos os anos costumam ser afetados pelas cheias.
É o caso de José Sardinha, comerciante há mais de 40 anos, que diz estar "bastante habituado" a que a água irrompa pelo seu café.
"Que façam a ponte, porque ela faz aqui muito falta. É preciso que seja feita a retenção das águas e que seja construída a ponte", defendeu.
O comerciante conta que em 2010 até foi construída na freguesia uma bacia de retenção para tentar minimizar os efeitos das cheias, mas a solução não teve efeitos práticos.
"Eles [Simtejo] gastaram quatro milhões e meio de euros que não serviram de nada", criticou.
A obra, que contemplou a construção de um açude para facilitar o escoamento das águas residuais provenientes da pista do Aeroporto de Lisboa, foi levada a cabo pela Simtejo, empresa responsável pela recolha, tratamento e rejeição das águas residuais dos municípios da Amadora, Lisboa, Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira.
A construção da nova ponte sobre o rio Trancão também é vista "com bons olhos" por José Marques, proprietário de outro café, que disse acreditar que a infraestrutura vai contribuir também para minimizar os problemas de trânsito na freguesia.
"Acho muito bem que construam uma nova ponte. Aqui, de manhã, está tudo entalado e engarrafado. Se alguém entrar no trabalho [em Lisboa] às 09:00 tem sempre de sair às 07:00 daqui", disse o comerciante, que vive há mais de meio século em Sacavém.
Por outro lado, a Câmara de Loures, que tem mantido várias reuniões com as Estradas de Portugal e com o Governo a propósito da nova ponte, mostra algumas reservas em relação ao projeto, temendo que venha a agravar ainda mais o problema das cheias.
"Existem muitas apreensões com o caneiro (estrutura que drena as águas para o rio). A obra pode causar impactos negativos sobre essa infraestrutura que sabemos está em péssimas condições. Para nós, a construção da nova travessia não pode corresponder a um agravamento das cheias", disse à Lusa o vice-presidente da autarquia, Paulo Piteira (CDU).
Contudo, o autarca reconheceu a importância da obra para a freguesia e apontou como objetivo a resolução definitiva do problema das inundações na baixa de Sacavém.
"É impossível mantermos por mais anos a situação de aflição, cada vez que chove, para esta população. Entendemos que deve existir um forte investimento da administração central, porque este é um problema regional e não apenas do concelho de Loures", argumentou.
Em informação enviada à agência Lusa, em setembro, a Estradas de Portugal explicou que a ponte irá, por um lado, "permitir o aumento da secção de vazão na zona da estrutura e permitir um melhor escoamento do rio em situação de cheia" e que, por isso, não irá contribuir para o aumento do caudal de águas que, proveniente de montante, se dirige para a baixa de Sacavém quando se regista maior pluviosidade.
O problema das cheias de Sacavém e as alternativas para a sua resolução vai estar segunda-feira em discussão numa reunião organizada pela Agência Portuguesa do Ambiente que vai juntar a Câmara de Loures e várias entidades ligadas à área.
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