O Ministério da Defesa desmentiu, esta segunda-feira, o que classificou ser "informação falsa" sobre o caso da transferência de um doente de 49 anos com um traumatismo craniano, tendo assegurado que, ao contrário do veiculado, o processo demorou "2h15 com tempo de espera do doente incluído", e não cinco horas.
"A partir do momento em que foi confirmado que o CODU iria avançar com a missão para embarque de um doente no aérodromo de Castelo Branco e entrega do doente no aeródromo de Coimbra, um helicóptero da FAP, EH-101 descolou do Montijo às 22h05 e aterrou em Castelo Branco às 23h20", começou por contextualizar a tutela, num comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso.
A mesma nota deu conta de que o aparelho "desligou motores, pois esteve ainda à espera do doente", tendo, depois, descolado "de Castelo Branco às 23h40". "Aterrou em Coimbra às 00h20, hora a que entregou o doente", complementou.
"Desde que o helicóptero descolou do Montijo até que entregou o doente em Coimbra decorreram 2h15, com tempo de espera do doente incluído", lê-se.
Esta posição também foi disseminada nas redes sociais do Governo, que apelou a que "confirme sempre [as informações] com as fontes oficiais".
Confirme sempre com as fontes oficiais. pic.twitter.com/MuJGRKiLWa
— República Portuguesa (@govpt) July 7, 2025
Entretanto, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) esclareceu à Lusa que a transferência foi "uma decisão médica conjunta, entre médica da ULS Cova da Beira, médico do INEM e médica da FAP (Força Aérea Portuguesa)", que foi baseada "tendo em consideração os critérios clínicos do utente, os meios e recursos disponíveis e melhor habilitados a dar resposta naquele momento, e outras variáveis com impacto no estado clínico do utente".
O INEM sublinhou ainda que "o utente teve acesso a cuidados de saúde altamente diferenciados, através das equipas médicas envolvidas, desde a ativação da emergência médica pré-hospitalar até admissão no hospital de destino, em Coimbra".
Saliente-se que, também esta segunda-feira, o Ministério da Saúde remeteu para INEM quaisquer esclarecimentos sobre este caso, tendo deixado por esclarecer o que falhou para que o doente fosse transportado por um helicóptero da Força Aérea que teria demorado mais de cinco horas a realizar a transferência desde o Hospital da Covilhã para os Hospitais da Universidade de Coimbra.
Também o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Álvaro Almeida, remeteu para o INEM a responsabilidade no transporte de doentes, sublinhando que "a transferência hospitalar não é da competência da direção executiva".
No mesmo sentido, o presidente do sindicato dos técnicos de emergência pré-hospitalar, Rui Lázaro, defendeu que "os responsáveis têm um rosto: é o Governo e o INEM", sendo que "o INEM não acautelou atempadamente o tempo do concurso" para a contratação do serviço aéreo de emergência médica.
O concurso público para a contratação deste serviço foi adjudicado à empresa Gulf Med Aviation Services Limited apenas no final de março.
Desde o passado dia 1 que a Força Aérea assegura o transporte de emergência médica com quatro helicópteros que deveria funcionar 24 horas por dia, mas apenas um está atualmente apto para voar à noite, numa operação transitória até que a empresa que ganhou o concurso tenha os meios suficientes.
Além destas quatro aeronaves da Força Aérea, a Gulf Med assegura, através de um ajuste direto até o contrato entrar em vigor, dois helicópteros Airbus, que ficam nas bases de Macedo de Cavaleiros e de Loulé, mas que apenas operarão no período durante o dia.
[Notícia atualizada às 19h41]
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