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Crise na GMG. Protestos, audição a ministra e dívida: O que se sabe?

Esta quarta-feira, a Global Media Group (GMG) 'trocou' as redações - e os protestos - pelo Parlamento, onde diretores demissionários foram ouvidos, e onde também foi dada 'luz verde' para audições da ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, e da Autoridade para as Condições do Trabalho.

Crise na GMG. Protestos, audição a ministra e dívida: O que se sabe?
Notícias ao Minuto

19:33 - 03/01/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Global Media Group

O Ano Novo começou esta semana, mas os problemas que a Global Media Group tem vindo a enfrentar – despedimentos e falta de pagamento de salários – mantêm-se em 2024, com uma greve marcada já para o próximo dia 10.

No ‘virar’ do ano, estes problemas passaram das redações e das ruas – onde já houve protestos por parte dos trabalhadores – para a Assembleia da República, onde, esta quarta-feira, se tomaram decisões e foram ouvidas algumas das ‘fontes mais fiáveis’ – os diretores demissionários do Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e Dinheiro Vivo.

Numa audição na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, os diretores demissionários apontaram que tem havido uma desvalorização por parte da administração do grupo.

Tem existido "desvalorização" das marcas da Global Media

Os diretores demissionários do JN, TSF, O Jogo e Dinheiro Vivo consideraram hoje, no parlamento, que tem existido uma desvalorização das marcas por parte da administração da Global Media e defenderam a importância dos trabalhadores do grupo.

Lusa | 13:32 - 03/01/2024

Mas o que dizem estes responsáveis?

Jornal de Notícias

"Há um discurso de ataque direto e desvalorização do título que não consigo compreender", afirmou a diretora do JN, Inês Cardoso, em alusão às declarações do presidente da comissão executiva do GMG, José Paulo Fafe. Segundo a diretora do JN, o CEO indicou que o título com sede no Porto vende cerca de 12 mil jornais em banca, ascendendo a cerca de 14 mil com as assinaturas, mas os dados do terceiro trimestre apontam para uma circulação paga impressa de 19.327.

Inês Cardoso sublinhou que "há decisões de gestão que têm impacto direto", que no caso da comunicação social é um "efeito de bola de neve, em que há corte de custos que tem como consequência imediata uma quebra de receita".

TSF

Já a diretora demissionária da TSF, Rosália Amorim, corroborou a ideia de que tem existido uma desvalorização, considerando ainda que houve situações críticas que levaram à denúncia de contratos comerciais.

Rosália Amorim adiantou ainda a administração "não quis adiantar qualquer data" sobre o pagamento dos salários em atraso dos trabalhadores, nem respondeu às questões sobre se seria acionado o fundo de garantia salarial.

O Jogo

Já o diretor demissionário d’O Jogo, Vítor Santos, destacou o papel dos trabalhadores dos títulos, sublinhando que o jornal desportivo foi líder "durante grande parte do ano que terminou [2023] no digital".

"Qualquer baixa no jornal O Jogo é um problema. São menos de 50 pessoas que fazem o nosso jornal", afirmou, explicando que não se pode admitir a redação "estar a trabalhar por sistema dez horas por dia e perder mais um trabalhador". "Estamos num processo que pode não levar ao despedimento coletivo, mas as pessoas estão a ser convidadas a rescindir amigavelmente", acrescentou.

Dinheiro Vivo

Por sua vez, o diretor do Dinheiro Vivo considerou que as responsabilidades dos acionistas devem ser colocadas neste momento, defendendo que as "lideranças são responsáveis por empatia e as administrações por gestão humanizada".

Para Bruno Contreiras Mateus, "o arquivo digital hoje deveria ser uma preocupação deste grupo, mas também do poder político", para garantir que "há uma forma de que o arquivo não é perdido".

Audições à ministra e à ACT aprovadas

Enquanto decorriam as audições destes responsáveis, foi também dado mais um passo – pelo menos, no envolvimento político nesta situação. Na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão (em conjunto com a comissão onde os responsáveis foram ouvidos) foi dada ‘luz verde’ para tanto a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, como a Autoridade para as Condições do Trabalho. Os requerimentos foram pedidos pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de Esquerda.

As acusações

Recentemente, acionistas e comissão executiva da Global Media têm trocado acusações e ameaças, enquanto decorre um processo de despedimento de 150 a 200 pessoas, os trabalhadores estão sem receber o salário de dezembro e o subsídio de Natal e os jornalistas em prestação de serviços estão sem os pagamentos que lhes são devidos.

Na terça-feira, numa 'newsletter' interna, a Comissão Executiva do Global Media Group, liderada por João Paulo Fafe, acusou os outros acionistas de protagonizarem situações "ética e moralmente condenáveis", que contribuíram para a situação atual da empresa de media.

A Comissão Executiva diz que, desde que entrou em funções, "raro é o dia" em que não é apanhada "de surpresa por factos e procedimentos que fizeram parte deste grupo ao longo dos últimos anos e que, sem margem para dúvidas, roçam a fronteira daquilo que pode ser considerada uma gestão pouco transparente e irresponsável".

Os ‘milhões’ que a GMG deve ao Estado

Na ‘newsletter’ em causa, João Paulo Fafe traçou ainda o cenário financeiro do grupo, apontando o dedo às gestões que precederam a Comissão Executiva.

"Ao dia de hoje, a dívida do GMG à Autoridade Tributária e à Segurança Social é de cerca de 7 milhões e 500 mil euros, estando a mesma a ser liquidada mensalmente através de um plano de pagamento ao abrigo do RERT (Regime Excecional de Regularização Tributária)", garantiu, salientando que "a responsabilidade total pela existência da dívida é das anteriores administrações, tendo sido a mesma 'herdada' por esta Comissão Executiva".

Segundo a atual gestão, "o valor da dívida existente a fornecedores do GMG ronda os cinco milhões de euros, sendo importante sublinhar a esse respeito que existem diversos casos, alguns deles já identificados, a quem a anterior administração solicitou, ainda no início de 2023, que somente faturassem após a conclusão do negócio com o WOF [World Opportunity Fund]".

Leia Também: Acionistas da Global Media acusam World Opportunity Fund de incumprimento

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