Atentado serviu para mostrar "incómodo" entre Madrid e Barcelona
O jornalista e escritor catalão Jordi Mercader defendeu hoje que o atentado de quinta-feira em Barcelona serviu para mostrar o incómodo entre os governos de Madrid e da Catalunha, "apesar dos discursos de unidade e colaboração policial".
© Reuters
Mundo Jordi Mercader
"Penso que é um pouco cedo, mas os primeiros passos não foram excessivamente positivos", disse o analista, em declarações à Lusa por telefone.
Exemplificou com o facto de os presidentes do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e da generalitat da Catalunha, Carles Puidgmont, terem aparecido juntos apenas na sexta-feira, e não logo na noite de quinta-feira.
"Creio que é muito difícil dissimular as más relações existentes entre os dois governos", afirmou.
"É evidente que o atentado não tem nada a ver com a situação da Catalunha, as vozes que tentam associar o atentado com a defesa da independência cometem simplesmente um erro. Mas provavelmente vai ter consequências", alertou.
"De momento serviu para ver que, apesar dos discursos de unidade e de colaboração policial, na realidade o incomodo que existe entre os dois governos é manifesta", reiterou.
O executivo regional da Catalunha quer marcar um referendo sobre a independência da região em 01 de outubro próximo, mas o Governo de Madrid assegura que a realização do referendo é "ilegal e inegociável" e repete que isso não irá acontecer.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.
Espanha foi alvo na quinta e sexta-feira de dois ataques terroristas, em Barcelona e em Cambrils, Tarragona, que fizeram no total 14 mortos e 135 feridos.
Uma portuguesa de 74 anos, residente em Lisboa, está entre as vítimas mortais do ataque em Barcelona, e uma jovem de 20 anos, que a acompanhava, está desaparecida.
O ataque de Barcelona, em que uma furgoneta avançou sobre a multidão nas Ramblas, grande avenida do centro da capital catalã, matando 13 pessoas, foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Horas depois, na madrugada de sexta-feira, cinco homens num automóvel atropelaram um grupo de pessoas em Cambrils, a cerca de 100 quilómetros de Barcelona, fazendo um morto e cinco feridos.
O porta-voz da polícia catalã anunciou que foram feitas quatro detenções, três marroquinos e um espanhol, nenhum deles com antecedentes ligados ao terrorismo.
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