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Energias renováveis incapazes de cumprir objetivos de acordo de Paris

O crescimento das energias renováveis é incapaz, por si só, de impedir alterações climáticas catastróficas, alertou hoje um grupo de cientistas.

Energias renováveis incapazes de cumprir objetivos de acordo de Paris
Notícias ao Minuto

06:42 - 31/01/17 por Lusa

Mundo Estudo

Mesmo que a produção de energia solar e eólica continue a aumentar a grande velocidade, não será suficientemente depressa para manter o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius (3,6 graus Fahrenheit), o limite fixado no acordo do Clima de Paris, assinado em 2015, indicaram na revista Nature Climate Change.

"O rápido desenvolvimento de carros movidos a energia eólica, solar e elétrica dão-nos alguma esperança", disse o principal autor do artigo, Glen Peters, investigador do Centro de Investigação Climática e Ambiental de Oslo, na Noruega, citado pela agência de notícias francesa, AFP.

"Mas nesta fase, estas tecnologias não estão realmente a tomar o lugar do crescimento do consumo de combustíveis fósseis ou dos meios de transporte convencionais", acrescentou.

A Terra está a sobreaquecer principalmente devido à combustão de petróleo, gás e carvão para alimentar a economia global.

Cerca de um grau Celsius de aquecimento já desencadeou, até agora, mortíferas vagas de calor, secas e tempestades causadas pela subida do nível da água dos mares.

O Acordo de Paris, subscrito por 196 países, definiu uma série de objetivos coletivos para travar o aquecimento do planeta, mas faltam-lhe as ferramentas para avaliar os progressos, especialmente ao nível de cada país.

Para fornecer um melhor conjunto de instrumentos, Peters e os colegas dividiram o sistema energético em cerca de meia dúzia de indicadores -- crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), energia usada por unidade de PIB, emissões de dióxido de carbono (CO2) por unidade de energia, percentagem de combustíveis fósseis no conjunto da energia, etc..

O resultado foi um retrato alarmante de opções cada vez mais reduzidas.

"As energias eólica e solar sozinhas não são suficientes para alcançar os objetivos", disse Peters.

O estudo sugere que, até agora, as energias renováveis pouca diferença fizeram, tendo em conta a quantidade de poluição por carbono que entra na atmosfera.

O investimento nas energias solar e eólica disparou, ultrapassando os combustíveis fósseis pela primeira vez no ano passado. E a 'fatia' de renováveis no consumo global de energia aumento cinco vezes desde 2000. No entanto, ainda representa menos de 3% do total.

Além disso, a proporção de combustíveis fósseis -- quase 87% - não foi reduzida devido a uma redução da energia nuclear durante o mesmo período de 15 anos.

O estudo alerta que outras políticas e tecnologias são essenciais para reduzir a temperatura, como a capacidade de manter fora ou retirar dióxido de carbono da atmosfera e armazená-lo de forma segura, uma técnica praticamente inexistente.

Outra forma de energia limpa delineada na maioria das previsões a médio e longo prazo e que ainda não existe são biocombustíveis de carbono neutro.

A ideia é que o CO2 capturado enquanto as plantas crescem compensa a emissão de gases de efeito estufa libertados quando são queimados para obter energia. A poluição de carbono iria também ser capturada e armazenada, resultando em "emissões negativas" e uma redução líquida de CO2 na atmosfera.

Todas estas tecnologias têm de entrar em funcionamento para ser possível controlar o aquecimento global, que atualmente caminha de modo a aquecer o planeta três a quatro graus Celsius, de acordo com o estudo.

Segundo Peters, contar com o interesse do mercado não chega. "Os políticos parecem satisfeitos em apoiar a [energia] eólica, solar e veículos elétricos através de subsídios. Mas não estão dispostos a pôr um preço -- um imposto de carbono, por exemplo -- nos combustíveis fósseis", sublinhou.

"A não ser que as emissões dos combustíveis fósseis desçam, a meta dos dois graus Celsius é impossível" de cumprir, concluiu.

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