Após conversações na Casa Branca, na segunda-feira, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus, Trump telefonou a Orbán, com quem troca frequentemente elogios públicos, questionando-o sobre os motivos do seu bloqueio às negociações de adesão da Ucrânia à União Europeia, adiantou a Bloomberg, citando fontes próximas dos contactos.
Durante as discussões na Casa Branca, indicaram as mesmas fontes, os líderes europeus instaram Trump a usar a sua influência sobre Orbán, crítico de Bruxelas e frequentemente alinhado com o presidente russo Vladimir Putin, para o pressionar a abandonar a sua oposição à candidatura da Ucrânia à UE.
Sob liderança de Orbán, a Hungria tem dado consistentemente à Rússia cobertura diplomática e proteção contra as sanções da UE, enquanto bloqueia ajuda à Ucrânia.
Contactado pela Bloomberg, o porta-voz do gabinete de Orbán não comentou a informação sobre o contacto com Trump.
A Ucrânia tem procurado um compromisso de adesão ao bloco político e económico como parte de um pacote de garantias de segurança para impedir futuros ataques da Rússia em caso de trégua para pôr fim à guerra iniciada por Moscovo há mais de três anos.
Orbán defendeu hoje, após uma reunião entre os 27 Estados-membros do bloco, que a entrada da Ucrânia na UE não contribui para as garantias de segurança desejadas por Kyiv.
"Ficou confirmado que a adesão da Ucrânia à UE não oferece garantias de segurança, portanto, vincular a adesão a garantias de segurança é desnecessário e perigoso", escreveu o líder húngaro nas redes sociais, depois da reunião extraordinária do Conselho Europeu que decorreu hoje por videoconferência.
Orbán defendeu ainda que ficou confirmado que a política de isolar a Rússia falhou e que o perigo de uma terceira Guerra Mundial "só pode ser reduzido através de uma reunião entre Trump e Putin".
A Eslováquia e a Hungria são os únicos Estados-membros que continuam a receber petróleo russo graças a uma isenção às sanções europeias contra Moscovo devido à sua situação geográfica particular.
Kyiv apresentou formalmente o pedido de adesão à UE em 28 de fevereiro de 2022, poucos dias depois do início da invasão russa.
Tem estatuto de país candidato desde 23 de junho desse mesmo ano.
Em meados de dezembro de 2023, o Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia.
Segundo a Bloomberg, no contacto com Trump, a Hungria manifestou também interesse em acolher uma próxima ronda negocial entre Putin e Zelensky.
A reunião de segunda-feira em Washington foi convocada por Donald Trump, após uma cimeira no Alasca na sexta-feira com o homólogo russo, que não produziu nenhum anúncio relacionado com um acordo para o conflito.
Marcaram presença na Casa Branca os líderes francês, Emmanuel Macron, e britânico, Keir Starmer, além do chanceler alemão, Friedrich Merz e do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Estiveram ainda presentes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o presidente finlandês, Alexander Stubb.
Numa mensagem na rede social Truth, Trump afirmou que, no final da reunião na Casa Branca, telefonou ao presidente russo, Vladimir Putin, e iniciou "os preparativos para uma reunião, em local a determinar", entre os chefes de Estado russo e ucraniano.
"Após essa reunião, teremos uma reunião trilateral, com os dois presidentes, além de mim", adiantou.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu hoje que, além das conversações bilaterais e trilaterais entre líderes sobre a guerra na Ucrânia, devem ocorrer conversações quadrilaterais que incluam a UE.
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