O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, reuniram-se, na segunda-feira, na Casa Branca, em Washington, para discutir um possível fim da guerra da Ucrânia. No final, Trump afirmou que haverá, primeiro, uma reunião bilateral entre a Ucrânia e a Rússia (já a ser preparada), e depois os Estados Unidos juntar-se-ão.
De salientar também que esta foi a segunda visita oficial de Zelensky à Casa Branca. Desta vez, mais bem recebido por Donald Trump, uma vez que o líder ucraniano, há seis meses, foi duramente criticado pela indumentária que envergava. Agora, foi elogiado e Trump prometeu-lhe proteção.
Sublinhe-se que ainda faltavam algumas horas para a reunião dos dois presidentes, quando Donald Trump, através da sua plataforma Truth social, escreveu que "o presidente ucraniano Zelensky pode pôr fim à guerra com a Rússia quase imediatamente ou pode continuar a lutar".
Mas afinal o que foi dito? E depois da reunião?
Donald Trump quer "acabar com a guerra" e defende paz definitiva
Antes de Zelensky e Trump se reunirem, encontro a que se juntaram mais tarde vários líderes europeus - que acompanharam o presidente ucraniano -, os dois chefes de Estado falaram aos jornalistas.
"Nós vamos reunir-nos, se tudo correr bem vamos chegar a um consenso e pode haver uma possibilidade de terminar a guerra", afirmou Donald Trump, dizendo ainda que vão "trabalhar com a Rússia e com a Ucrânia" para alcançar a paz.
O presidente dos Estados Unidos defendeu uma paz definitiva e total e referiu que um acordo de "cessar-fogo pode ser desvantajoso para ambas as partes".
Mais tarde, já na reunião com Zelensky e os líderes europeus, Donald Trump garantiu que o presidente russo, Vladimir Putin, "deve aceitar garantias de segurança para a Ucrânia".
"O presidente Putin concorda que a Rússia deve aceitar garantias de segurança para a Ucrânia e esse é um dos pontos centrais que devemos ter em conta, e vamos tê-lo em conta nesta mesa", declarou Donald Trump.
Por sua vez, o chefe de Estado ucraniano disse ter tido "uma conversa muito boa" com Trump, no âmbito da qual foram abordadas "coisas extremamente sensíveis".
E o que disseram os líderes europeus?
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, notou ser "um grande passo" e "uma conquista que faz a diferença" o anúncio de Donald Trump ao dizer que irá participar nas garantias de segurança da Ucrânia.
Já o chanceler alemão, Friedrich Merz, defendeu um cessar-fogo como pré-condição para as negociações de um acordo de paz, após Trump ter dito que a essa trégua é desnecessária.
"Não consigo imaginar a próxima reunião sem um cessar-fogo. Vamos trabalhar para isso e tentar pressionar a Rússia", declarou Merz, no início da reunião na Casa Branca, ressalvando que "todos" gostariam de "ver um cessar-fogo".
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu que "uma das principais prioridades" são as crianças ucranianas deportadas, "que devem ser devolvidas". Destacou também a necessidade de uma "paz justa e duradoura".
Também presente, o presidente francês, Emmanuel Macron, sublinhou que uma das garantias de segurança para a Ucrânia, a acompanhar qualquer acordo de paz com a Rússia, será um exército ucraniano suficientemente "robusto" para impedir novos ataques de Moscovo.
"Pude voltar esta tarde ao conteúdo dessas garantias de segurança, que são um exército ucraniano robusto, capaz de resistir a qualquer tentativa de ataque e dissuadi-lo, e, portanto, sem limitações em número, capacidade ou armamento", disse.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também reagiu à reunião que aconteceu em Washington dizendo estar "a acompanhar de perto" os mais recentes desenvolvimentos.
Trump interrompeu reunião... para falar com Putin
De realçar também que enquanto decorria o encontro entre Trump, Zelensky e os líderes europeus, o chefe de Estado norte-americano interrompeu a reunião para falar com o presidente russo, Vladimir Putin.
A chamada teria como intuito aproximar Kyiv e Moscovo para um futuro acordo de paz. Ainda assim, a imprensa internacional revelou não ter sido claro de quem foi a iniciativa da ligação telefónica.
Aliados ocidentais formalizam garantias de segurança "dentro de dez dias"
"As garantias de segurança serão provavelmente decididas pelos nossos parceiros e haverá cada vez mais detalhes, pois tudo será colocado no papel e oficializado (...) dentro de uma semana a dez dias", afirmou o presidente ucraniano, após negociações na Casa Branca com o presidente norte-americano, Donald Trump, e vários líderes europeus.
Note-se que as reuniões em Washington giraram em torno das garantias de segurança, que devem ser fornecidas à Ucrânia pelos seus aliados do Velho Continente, em "coordenação" com os Estados Unidos.
Zelensky e Putin vão encontrar-se? Preparativos já começaram
Depois de terminadas as reuniões, Donald Trump confirmou a chamada telefónica a Vladimir Putin, adiantando que "os preparativos para um encontro, numa localização a determinar, entre o presidente Putin e o presidente Zelensky" já começaram.
"Depois dessa reunião vamos ter uma trilateral, que será com os dois presidentes e comigo", acrescentou, reiterando que este é um "passo muito bom" para uma guerra que dura há quase quatro anos.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, confirmou também à imprensa que Vladimir Putin "concordou que se realizaria nas próximas duas semanas uma reunião" entre o presidente russo e o presidente ucraniano.
Outro participante na reunião, o presidente finlandês, Alexander Stubb, disse que dos contactos na Casa Branca resultou que "se tudo correr bem" na primeira reunião Putin-Zelensky, haverá uma outra trilateral com Trump.
"Tratando-se de Putin", disse Stubb, o resultado da primeira reunião é "um grande se".
Volodymyr Zelensky: "Estamos prontos"
Por fim, o presidente ucraniano referiu estar pronto para se encontrar com o homólogo russo e, desta forma, pôr fim à invasão russa ao seu país.
"Estamos prontos para uma reunião bilateral com Putin e, depois disso, esperamos uma reunião trilateral" com a participação de Donald Trump, salientou Zelensky.
Quanto às possíveis concessões territoriais exigidas pela Rússia à Ucrânia, Zelensky disse que são uma questão para ser deixada entre o próprio e Putin.
De recordar que, na sexta-feira, Donald Trump e Vladimir Putin estiveram reunidos no Alasca. A reunião entre ambos durou cerca de três horas e terminou com ambas as partes a destacar progressos, embora sem revelar detalhes sobre o conflito na Ucrânia.
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