"Uma combinação de diferentes fatores, como a diferenciação do produto, a procura, a qualidade e os acordos contratuais, determinará o impacto nas exportações da Índia", afirmou à câmara baixa do Parlamento numa resposta por escrito o secretário das Finanças indiano, Pankaj Chaudhary.
Na explicação, divulgada hoje pela agência de notícias indiana PTI, Chaudhary especificou a estrutura da tarifa, 25% em vigor desde 7 de agosto e mais 25% a partir de 27 de agosto.
Na semana passada, grandes retalhistas norte-americanos como a Walmart, Amazon, Target e Gap solicitaram uma pausa nas remessas de exportadores indianos, principalmente do setor têxtil, devido à imposição de tarifas de até 50% por parte de Washington, segundo o canal financeiro indiano NDTV Profit.
O presidente da Associação de Exportadores de Tiruppur (TEA), A. Sakthivel, confirmou também na semana passada a decisão dos seus membros de suspenderem a produção destinada ao mercado norte-americano.
"Decidimos suspender a fabricação de pedidos para os EUA até que haja clareza", disse em conferência de imprensa na sexta-feira.
Na mesma linha, a Confederação da Indústria Têxtil Indiana (CITI) classificou a tarifa como um "enorme revés", que "enfraquecerá significativamente" a capacidade da indústria para competir.
A Índia é o quarto maior exportador de vestuário para os Estados Unidos, com uma quota de mercado de cerca de 6%. Embora este número tenha crescido nos últimos anos, continua atrás dos principais concorrentes asiáticos: a China, que domina com 21%, e o Vietname, com 19%.
Com a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, a Índia fica em grande desvantagem em relação àqueles países, que enfrentam taxas entre 20% e 30%.
Embora a justificação oficial dos Estados Unidos para a imposição destas tarifas se tenha centrado na compra de petróleo russo pela Índia, em Nova Deli, a medida é interpretada como uma tática de pressão para desbloquear o estagnado Acordo Comercial Bilateral (BTA) EUA-Índia
Os principais pontos de atrito são "linhas vermelhas" identificadas pela Índia, como a recusa em abrir o mercado a produtos agrícolas e lácteos dos Estados Unidos como forma de proteger milhões de agricultores indianos.
Chaudhary reiterou na comunicação enviada ao Parlamento que o Governo indiano "tomará todas as medidas necessárias para garantir o interesse nacional".
Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Índia, com um intercâmbio bilateral de bens que atingiu 128,9 mil milhões de dólares (110,9 mil milhões de euros) em 2024.
As principais exportações indianas para os EUA são produtos farmacêuticos, pedras preciosas e joias, maquinaria, produtos eletrónicos e têxteis.
Leia Também: Zelensky pede a Narendra Modi que reduza compras de petróleo russo