"Inevitavelmente, apesar do nosso fervoroso desejo de evitar qualquer confronto em qualquer lugar, a guerra por Taiwan arrastará as Filipinas contra a sua vontade para o conflito", afirmou hoje Marcos Jr. numa conferência de imprensa.
Nos últimos meses, as Filipinas têm dado sinais de aproximação a Taiwan, 50 anos depois de ambas as nações terem encerrado as suas relações diplomáticas.
Em abril, Marcos Jr. flexibilizou as restrições às visitas oficiais a Taipé e abriu as portas a encontros entre membros dos dois governos com fins económicos.
Os comentários de hoje do Presidente filipino reiteram declarações feitas na semana passada a um órgão de comunicação social indiano, o Firstpost, sobre Taiwan, onde residem cerca de 200 000 cidadãos do arquipélago.
"A proximidade geográfica" e "o grande número de filipinos em Taiwan" "não são desculpas para interferir nos assuntos internos de outros", reagiu na sexta-feira passada o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros chinês, instando Manila a "respeitar sinceramente o princípio de uma só China" e a "abster-se de brincar com fogo em questões que afetam os interesses centrais da China".
"Não sei do que estão a falar, 'brincar com fogo'? Eu só estava a expor os factos", replicou hoje Marcos Jr.
"Não queremos entrar em guerra, mas acho que, se houver uma guerra por Taiwan, seremos arrastados para ela, quer queiramos quer não, aos gritos e pontapés", afirmou Marcos. "Seremos arrastados e puxados para essa confusão. Espero que isso não aconteça, mas, se acontecer, temos que nos preparar para isso", acrescentou.
Às tensões causadas pela aproximação entre as Filipinas e Taiwan soma-se o conflito territorial entre Manila e Pequim pela soberania de territórios no Mar da China Meridional, uma região estratégica por onde passa aproximadamente 30% do comércio global, que abriga 12% das zonas de pesca mundiais e possui reservas potenciais de petróleo e gás.
O secretário de Defesa do arquipélago, Gilberto Teodoro, sublinhou hoje num comunicado que Manila "não pode ignorar a China e as suas ações" e deve defender a sua "integridade territorial reconhecida por quase todo o mundo".
Vietname, Malásia, Brunei e Taiwan também reivindicam partes das águas disputadas.
Estas tensões territoriais traduzem-se frequentemente em confrontos entre embarcações de ambos os países, como o que ocorreu hoje.
As relações entre a China e as Filipinas têm ficado cada vez mais tensas à medida que Marcos, que assumiu o cargo em meados de 2022, e o seu governo se tornaram alguns dos críticos mais veementes da Ásia em relação às ações, cada vez mais agressivas da China no Mar da China Meridional.
O governo Marcos, por outro lado, aprofundou compromissos de aliança com os Estados Unidos e começou a ampliar as alianças de segurança com outros países ocidentais e asiáticos, como Japão, Austrália, Índia e alguns Estados-membros da União Europeia, para fortalecer a dissuasão contra a assertividade de Pequim.
"Não existe uma solução milagrosa que, se aplicada, resolveria todos os nossos problemas", afirmou hoje Marcos.
"O que vai acontecer é que continuaremos presentes, continuaremos a defender o nosso território, continuaremos a exercer os nossos direitos soberanos e, apesar de qualquer oposição de quem quer que seja, continuaremos a fazer isso como temos feito nos últimos três anos", assegurou.
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