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Apenas três países ainda não retomaram apoio aos refugiados palestinianos

Apenas três dos 16 países que suspenderam o financiamento da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNWRA) no seguimento das alegações israelitas de ligações a organizações terroristas não retomaram o apoio, revelou hoje o diretor da instituição.

Apenas três países ainda não retomaram apoio aos refugiados palestinianos
Notícias ao Minuto

13:45 - 30/04/24 por Lusa

Mundo UNWRA

Numa conferência de imprensa na sede europeia da ONU, em Genebra (Suíça), para um ponto da situação sobre o conflito na Faixa de Gaza e o cenário que se vive no terreno do ponto de vista humanitário, Philippe Lazzarini congratulou-se por haver "uma boa notícia" ao nível de financiamento da agência, em virtude de "a grande maioria" dos países, o mais recente dos quais a Suíça, hoje mesmo, terem retomado a ajuda, sobretudo após um relatório independente não ter encontrado "provas" das acusações de Israel.

"Em janeiro, quando as alegações foram tornadas públicas, 16 países suspenderam a ajuda à agência. A boa notícia é que, à data de hoje, a maioria dos países doadores retomaram os seus contributos", disse o representante, apontando que apenas Estados Unidos, Reino Unido e Áustria mantêm suspensa a ajuda, o que de certa forma tem sido compensado com novos países doadores e fundos privados.

"Estamos numa situação melhor do que há três meses", admitiu.

Lazzarini revelou que os Estados Unidos, o maior doador, "indicou claramente que a suspensão vai ser mantida até março de 2025, por proibições do Congresso" norte-americano, mas incentivou os outros países a financiarem a UNWRA (na sigla em inglês), enquanto "o Reino Unido e a Áustria ainda não tomaram uma decisão".

"Estes são os três países que ainda mantêm o financiamento à UNWRA suspenso, todos os outros países já retomaram. Ouvimos que a Itália suspendeu, mas de qualquer forma a Itália não fez qualquer contribuição desde que o atual Governo [uma coligação de direita e extrema-direita liderado por Giorgia Meloni] está em funções", assinalou.

O diretor da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos reconheceu que a falta de financiamento dos Estados Unidos representa um problema, dado este ser o maior doador da UNWRA, mas ressalvou que também há "novos doadores, países que nunca haviam contribuído para a agência", casos da Argélia e do Iraque, e que de certa forma compensam os cerca de 180 milhões de dólares (cerca de 167 milhões de euros) em falta da contribuição norte-americana.

Em termos globais, a ajuda atualmente suspensa representa um total de 267 milhões de dólares (cerca de 249 milhões de euros).

"Estamos cobertos até final de junho", disse o diretor da UNWRA, que uma vez mais voltou a deplorar as acusações israelitas, "nunca sustentadas" com provas.

De acordo com o responsável, "os pedidos de desmantelamento da UNWRA não têm nada a ver com neutralidade" e "o objetivo é claramente retirar aos palestinianos o estatuto de refugiados".

Relativamente à situação no terreno, Lazzarini disse que aquilo que o pessoal da agência em Gaza relata é "uma ansiedade profunda extraordinária (...), pois a questão que todos colocam é se haverá uma ofensiva militar em Rafah [sul da Faixa] ou se há um cessar-fogo".

"Ainda não foi pedido à população que saísse de Rafah, mas há a convicção de que se não houver um acordo para o cessar-fogo esta semana, tal acontecerá a qualquer momento", afirmou o responsável da ONU, que deu ainda conta de um "estado constante de trauma entre as pessoas".

"Já não falamos de transtorno de 'stress' pós-traumático, mas sim de transtorno de 'stress' traumático constante", declarou o diretor da agência de ajuda aos refugiados palestinianos, que nos últimos meses tem sido alvo de fortes críticas por parte de Israel, mas também de responsáveis norte-americanos que a acusam de ser demasiado próxima ou mesmo de conluio com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Israel, que tem bombardeado o enclave palestiniano e realizado operações terrestres desde o ataque sem precedentes do Hamas em 07 de outubro de 2023 no seu território, acusou nomeadamente a UNWRA de empregar "mais de 400 terroristas" na Faixa de Gaza e também por permitir que o movimento islamita escondesse armas nas escolas geridas pela agência e outros edifícios.

As acusações foram rejeitadas pela agência, que é a espinha dorsal da organização da ajuda humanitária aos habitantes de Gaza e, já no corrente mês de abril, um relatório elaborado por um painel independente liderado pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, concluiu que, embora a UNRWA não tivesse "neutralidade" na Faixa de Gaza, Israel ainda não tinha fornecido "provas" de alegadas ligações de certos membros com "organizações terroristas", como o Hamas.

O ataque do Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023, matou cerca de 1.200 pessoas e fez mais de duas centenas de reféns.

Em retaliação, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma ofensiva que já causou mais de 34 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas, que controla o enclave desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: Defesa Civil de Gaza estima que 10 mil cadáveres estão sob escombros

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