Costa do Marfim. Presidente acusa oposição de enviar jovens para a morte
O chefe de Estado da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, que disputa sábado um controverso terceiro mandato presidencial acusou hoje a oposição, que apelou à "desobediência civil", de estar a "enviar jovens para a morte".
© Lusa
Mundo Costa do Marfim
"Eles [a oposição] devem deixar de enviar jovens para a morte. Não vejo porque é que a oposição apela à desobediência civil que leva a atos criminosos", disse o Presidente marfinense numa entrevista à agência de notícias France-Presse.
Na mesma entrevista, o chefe de Estado lamentou as "cerca de 30 mortes" que resultaram da violência pré-eleitoral na Costa do Marfim desde agosto.
"Sabemos que os problemas têm sido causados pela oposição. Temos provas e, após as eleições, iremos agir judicialmente. Vamos processar os atores e os patrocinadores (...) qualquer que seja o estatuto da pessoa", avisou Ouattara.
A campanha eleitoral está a decorrer num ambiente tenso, marcado pela violência e pela contestação da candidatura do Presidente Ouattara, 78 anos, à reeleição.
Os dois principais adversários, o ex-presidente Henri Konan Bédié e o antigo primeiro-ministro Pascal Affi N'Guessan, apelaram à "desobediência civil" e a um "boicote ativo" do "processo eleitoral", sem, contudo, retirarem as suas candidaturas.
Cerca de 35.000 elementos das forças de segurança foram destacados para garantir a segurança da votação de sábado.
Eleito em 2010 e reeleito em 2015, Alassane Ouattara tinha anunciado em março que iria retirar a sua candidatura, antes de mudar de ideias em agosto após a morte do seu "delfim" e candidato presidencial designado pelo partido no poder, o então primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos presidenciais, mas o Conselho Constitucional considerou que, com a reforma constitucional adotada em 2016, a contagem de mandatos de Ouattara foi redefinida para zero, permitindo a recandidatura.
Os receios de uma escalada de violência eleitoral mortal são fortes na Costa do Marfim, 10 anos após a crise pós-eleitoral de 2010-2011, que teve origem na recusa do então Presidente Laurent Gbagbo em reconhecer a sua derrota eleitoral frente a Alassane Ouattara.
Após uma década de tensões que dividiram o país, esta crise causou 3.000 mortes.
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