O Presidente Abdel Fattah al-Sisi recebeu hoje no Cairo o seu homólogo da República de Chipre Nicos Anastasiades e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, numa nova cimeira tripartida destinada a forjar uma aliança em torno dos recursos energéticos no Mediterrâneo oriental.

"As inaceitáveis práticas e prospeções da Turquia (...) constituem um deliberado assalto aos direitos da República cipriota e à lei internacional", disse Anastasiades em conferência de imprensa conjunta, e assegurou que Nicósia vai mobilizar "todos os meios diplomáticos disponíveis para travar a agressão da Turquia".

O marechal Al-Sisi considerou que as práticas unilaterais da Turquia se arriscam a desestabilizar toda a região do Mediterrâneo oriental e "prejudicar os interesses" dos seus países.

A Turquia enviou navios para efetuarem prospeções de hidrocarbonetos no interior da zona económica de Chipre (ZEE), ao argumentar que está a proteger os seus interesses, e os interesses dos cipriotas turcos.

Ancara também mantém uma disputa com o Egito em torno da delimitação de fronteiras no Mediterrâneo Oriental.

Chipre foi dividido em 1974 na sequência da invasão militar turca e após um fracassado golpe que pretendia a união com a Grécia. A República Turca de Chipre do Norte (a parte norte autoproclamada em 1983 e que ocupa um terço da ilha) apenas é reconhecida por Ancara.

O Governo liderado pelos cipriotas gregos e internacionalmente reconhecido tem assinalado que as suas operações de prospeção, com a participação de multinacionais do petróleo e gás, constituem um direito soberano e que no futuro os benefícios desta exploração serão partilhados equitativamente caso seja alcançado um acordo com os cipriotas turcos sobre a reunificação da ilha.

Os três líderes também condenaram a anunciada ofensiva militar da Turquia no nordeste da Síria, após o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado no domingo a retirada das tropas norte-americanas dessa região e que não interviriam num eventual ataque contra as forças curdas sírias, que durante anos foram apoiadas pelos Estados Unidos.

Os três responsáveis também prometeram intensificar os esforços no combate à imigração ilegal ao longo do Mediterrâneo Oriental e melhorar as suas táticas antiterroristas.

O primeiro-ministro conservador grego disse que o Egito permanece um parceiro estratégico para a União Europeia, e prometeu o envolvimento de Chipre e da Grécia no reforço das relações UE-Egito.

Num anterior encontro, os três países concordaram no aprofundamento da "cooperação estratégica" na área da energia, incluindo a melhor forma de transportar o gás das jazidas descobertas em direção à Europa, e ainda a ligação das redes de eletricidade da Europa e Norte de áfrica através de um cabo submarino.

O cabo de 2.000 megawatt, conhecido por Interconector EuroAfrica, vai prolongar-se por 1.000 milhas (1.600 quilómetros) da Grécia ao Egito, através de Chipre.

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