Eurovisão "é um evento não-político" e Madonna "foi avisada disso"
A organização do 64.º Festival Eurovisão da Canção admitiu hoje ter sido apanhada de surpresa pela inclusão de bandeiras da Palestina na atuação da cantora norte-americana Madonna, referindo que esse elemento cénico não fez parte dos ensaios.
© Reuters
Mundo Madonna
"Na transmissão em direto da grande final do Festival Eurovisão da Canção, dois bailarinos de Madonna mostraram momentaneamente bandeiras de Israel e da Palestina nas costas das suas indumentárias. Este elemento da performance não fez parte dos ensaios, tinha sido verificado pela EBU [sigla em inglês para União Europeia de Radiodifusão] e pela emissora de acolhimento, KAN [estação de televisão pública de Israel]", refere a organização num comunicado citado por vários órgãos de comunicação social.
Na nota, a organização sublinha que o Festival Eurovisão da Canção "é um evento não-político" e que "Madonna foi avisada disso".
A cantora norte-americana levou o conflito israelo-palestiniano para o palco da final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, no sábado à noite em Telavive, terminando a atuação com a expressão 'Wake Up' (Acordem, em português) projetada em ecrãs.
Madonna, subiu ao palco da final do concurso, no sábado à noite em Telavive, depois da atuação dos 26 concorrentes. A cantora tinha recebido vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a atuação para tomar uma posição, terminando-a com dois bailarinos que usavam bandeiras de Israel e da Palestina nas costas a caminharem abraçados.
Mas a "rainha da pop" não terá sido a única a quebrar as regras do concurso. De acordo com a organização, a Islândia pode "ser punida", depois de os seus representantes, a banda Hatari, conhecida pela sua oposição declarada à ocupação israelita dos territórios palestinianos, terem empunhado bandeiras da Palestina durante a emissão em direto.
Num outro comunicado, a organização do concurso refere que "as consequências deste ato serão discutidas na próxima reunião do conselho executivo do concurso".
Hoje, a ministra da Cultura israelita, Miri Regev, classificou como "um erro" a presença da bandeira palestiniana nas costas de bailarinos durante a atuação de Madonna de sábado.
"Foi um erro, não podemos misturar a política com um evento cultural, com todo o respeito que devo a Madonna ", disse Miri Regev antes do conselho de ministros semanal.
Questionada pelos jornalistas, a ministra, que não assistiu à final do festival, criticou a KAN por ter falhado a missão de impedir as bandeiras de aparecerem no ecrã.
Antes da atuação, Madonna tinha pedido a todos os que a ouviam que "nunca subestimem o poder da música para juntar as pessoas", e citou "uma grande canção", da sua autoria, "Music", na qual canta "music makes the people come together" [a música faz as pessoas unirem-se, em português].
A Holanda venceu no sábado, pela quinta vez, o Festival Eurovisão da Canção, com o tema 'Arcade', interpretado por Duncan Laurence, que era o favorito à vitória de acordo com a média de várias casas de apostas.
Israel acolheu o Festival Eurovisão da Canção, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado, em Lisboa, com o tema "Toy", interpretado por Netta.
O movimento de boicote cultural a Israel instou os artistas a boicotarem o concurso.
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