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Religiosa síria pede levantamento das sanções internacionais ao país

A religiosa cristã síria Annie Demerjian lamenta o silêncio atual do mundo sobre a Síria e pede o levantamento de sanções ao país, que, segundo disse em entrevista à agência Lusa, estão a paralisar a vida das populações.

Religiosa síria pede levantamento das sanções internacionais ao país
Notícias ao Minuto

08:53 - 20/10/18 por Lusa

Mundo Annie Demerjian

"Depois de anos de guerra, há um silêncio [do mundo] sobre a Síria. Porquê este silêncio? Se queremos ajudar verdadeiramente o povo da Síria porque ficamos em silêncio", questiona a irmã Annie Demerjian.

Mas para a religiosa, mais do que falar do conflito e das suas consequências, é importante agir e "dar passos para a paz".

"O povo sírio quer paz e é preciso levantar as sanções que só estão a atingir a população. As pessoas precisam de respirar e de conseguir retomar as suas vidas", disse.

"As sanções paralisaram a vida das pessoas e a reconstrução do país. Quando se levantam as sanções, as pessoas conseguem respirar. Se falamos a sério sobre ajudar a Síria, esta é uma decisão que tem que ser tomada", sublinhou.

Desde 2011, a guerra na Síria provocou mais de 511 mil mortes, 106.390 das quais de civis, incluindo 19.811 crianças. Há cerca de 5,5 milhões de sírios refugiados fora do país e mais de 6 milhões de deslocados internos.

O conflito opõe o regime do Presidente Bashar al-Assad, que controla novamente a quase totalidade do território, a uma série de grupos rebeldes e 'jihadistas'", que representam ainda, em alguns casos, importantes bolsas de resistência.

O fim dos combates em algumas zonas do país, está a trazer de volta algumas famílias, mas para a irmã Annie Demerjian, a maioria não regressará a um país onde já nada têm.

"As feridas ainda estão abertas. Vai demorar a sarar, a apagar as memórias, especialmente aqueles que perderam entes queridos e tudo o que tinham", disse.

No terreno, o apoio psicológico de organizações não-governamentais (ONG) e de líderes religiosos é agora fundamental, segundo a irmã Annie, sobretudo na monitorização dos comportamentos violentos e no alívio da tensão que a guerra trouxe às crianças.

Os cristãos, uma minoria na Síria, constituem uma percentagem importante dos 5,5 milhões de refugiados que deixaram o país e Annie Demerjian acredita que não voltarão.

"Os cristãos, como minoria, sempre enfrentaram muito perigos. Não quer dizer que apenas os cristãos foram atacados, houve milhares de muçulmanos que morreram na guerra. Metade dos cristãos fugiu para o estrangeiro por medo ou à procura de uma vida melhor", disse.

Segundo a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), mais de duas centenas de igrejas e edifícios paroquiais, mais de 6 mil casas de cristãos e mais de 3 mil escolas foram destruídas ou danificadas.

Para promover o regresso, a AIS tem no terreno 32 novos projetos em Alepo, no valor de 1,8 milhões de euros, sendo dois terços deste valor destinado à ajuda de emergência às famílias.

É este valor que a organização pretende angariar com uma campanha de natal

Com estes 32 novos projetos, sobe para 121 o número total de projetos que a Fundação AIS está a apoiar neste momento na Síria e que são coordenados localmente pela irmã Annie.

O valor da ajuda concedida ano ascende a 7 milhões de euros e a fundação lançou uma campanha de Natal para a angariação de fundos para continuar a apoiar a população síria.

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