"Há motivos para pensar que por trás deste assassínio está o regime de Kiev, que em mais de uma ocasião usou métodos semelhantes para se livrar daqueles que discordam", disse aos jornalistas a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.

Zakharchenko considerado o homem forte do Kremlin no leste da Ucrânia, morreu hoje num ataque a bomba contra o café "Sépar" (separatista, no jargão das forças ucranianas), no qual se encontrava, a poucos metros da sua casa.

"A comunidade internacional deve exigir (...) e supervisionar uma investigação imparcial desse crime, perpetrada à vista de cidadãos pacíficos", disse a porta-voz russa.

Maria Zakharova acusou o Governo ucraniano de apostar num "cenário do terrorismo, no lugar de cumprir os Acordos de Minsk (pela paz no leste da Ucrânia) e encontrar formas de resolver o conflito".

"Depois de não cumprir com a promessa de paz, decidiram dar lugar a um massacre sangrento", disse a porta-voz.

As autoridades ucranianas foram rápidas em dar a sua própria versão do assassínio de Zakharchenko, que liderou os separatistas pró-russos por quatro anos, praticamente desde o início da revolta no leste da Ucrânia, em abril de 2014.

"A morte de Zakharchenko pode ser o resultado de conflitos criminosos entre os milicianos, em primeiro lugar, relacionados com a divisão dos negócios. Tão pouco descartamos a tentativa dos serviços de informação russos de eliminar uma figura tão odiosa", disse Igor Guskov, um alto funcionário do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), a uma televisão local.

A porta-voz da SBU, Elena Guitlianskaia, disse que Zakharchenko foi vítima de "guerras fratricidas" entre as fações que controlam os territórios rebeldes do leste ucraniano.

Fontes das forças de segurança do RPD revelaram às agências russas que o líder separatista morreu devido a uma séria lesão na cabeça.

Outras três pessoas também ficaram feridas no ataque, incluindo o ministro das Finanças do território rebelde, Alexandr Timofeiev.

A agência de notícias de Donetsk (DAN), meio de comunicação controlado pelos separatistas, relatou a prisão de várias pessoas acusadas de cometerem o ataque.

A explosão registou-se cerca das 17:30 locais (15:30 em Lisboa) no café, que fica no centro da cidade de Donetsk, capital da região com o mesmo nome.

Antigo mecânico e depois empresário, Zakharchenko foi um dos comandantes dos separatistas desde o início do conflito com o exército ucraniano, em abril de 2014.

Em novembro, meses depois de os territórios rebeldes do leste da Ucrânia proclamarem a independência, Zakharchenko foi eleito Presidente da "República Popular de Donetsk" com 81% dos votos.

Vários comandantes separatistas têm sido mortos nos últimos anos, em atos que os separatistas atribuem aos serviços especiais ucranianos.