Hotel de quatro estrelas de Santiago do Cacém fecha portas
A empresa proprietária do Hotel Caminhos de Santiago, em Santiago do Cacém, anunciou esta sexta-feira que irá deixar de funcionar, justificando a decisão com o facto de os funcionários terem pedido a suspensão dos contratos de trabalho.
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Economia Encerramento
"Os trabalhadores apresentaram cartas de suspensão dos contratos de trabalho e, obviamente, sem funcionários não é possível manter a unidade hoteleira em funcionamento", pode ler-se na mensagem de correio electrónico enviada hoje à agência Lusa pela Caminhos de Santiago, Imobiliária.
A empresa admite, no mesmo documento, que "a situação do estabelecimento hoteleiro Caminhos de Santiago não é a melhor", que explica com a "enorme e profunda crise que o país e a Europa atravessam".
A Caminhos de Santiago, Imobiliária afirmou ainda estar "a desenvolver todos os esforços no sentido da resolução da situação o mais rapidamente possível" e elogiou "a postura, sempre esforçada e dedicada, de todos os trabalhadores".
As explicações da sociedade proprietária da unidade hoteleira de quatro estrelas chegaram à Lusa no mesmo dia em que alguns trabalhadores se reuniram para fazer chegar a sua voz ao presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém.
Os trabalhadores queixam-se de terem os salários de Novembro e Dezembro do ano passado, bem como o subsídio de Natal, em atraso.
Délia Almeida, 27 anos, foi um dos quatro funcionários que se juntou à iniciativa promovida hoje de manhã pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.
A cozinheira trabalha há cerca de cinco anos no hotel, desde que este começou a funcionar, e disse à Lusa que a situação está a ser "muito difícil", estando já a acumular "dívidas no banco".
Com um filho para criar, a funcionária optou por pedir a suspensão do seu contrato, com efeito a partir da próxima terça-feira, para poder receber subsídio de desemprego.
O mesmo fez Carlos Alves, chefe de mesa e delegado sindical, que, com dois filhos, afirmou estar "a passar necessidades".
Segundo Carlos Alves, a empresa irá entregar hoje aos trabalhadores as declarações de que estes necessitam para poderem receber as prestações sociais e, no sábado, o hotel já não abrirá as portas.
O trabalhador admitiu que "o movimento do hotel tem sido fraco", mas "nada diferente dos outros anos", esperando que a situação se "resolva o mais brevemente possível".
Inácio Astúcia, dirigente sindical, garantiu à Lusa que o Sindicato da Hotelaria do Sul "vai usar todos os meios na perspectiva de não deixar encerrar o hotel".
"É um desleixo, por parte da administração, não ter tomado as medidas adequadas para que, efectivamente, não se chegasse a esta situação", afirmou.
O sindicalista lamentou a "situação grave e precária" dos trabalhadores, que estão a "pagar para trabalhar".
Segundo Inácio Astúcia, os 13 funcionários da empresa já pediram a suspensão dos seus contratos de trabalho, mas estão disponíveis para regressar "imediatamente", "logo que lhes paguem os salários".
O Hotel Caminhos de Santiago nasceu da recuperação e ampliação da antiga Pousada de Santiago do Cacém, um imóvel dos anos 40, e é o primeiro e único da cidade alentejana, contando com 35 quartos, piscina e restaurante.
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