A antiga presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP), Teodora Cardoso, considera que o antigo ministro das Finanças Mário Centeno devia ter tido o "bom senso" de não ir ocupar, diretamente, o cargo de governador do Banco de Portugal (BdP), mesmo que nenhuma lei o impedisse. 

"Em teoria, não havia nada que impedisse", disse Teodora Carsoso, em entrevista ao ECO. Porém, "neste caso penso que teria sido de bom senso, e em particular do próprio Mário Centeno - tenho grande estima por ele, embora ele agora não acredite nisso porque ele não gosta que o critiquem - não ter feito esta evolução", afirmou.

E deixa um alerta: apesar de o cargo no supervisor da banca "satisfazer o ego", Teodora Cardoso acredita que "vai ter custos".

Em 17 de junho, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou ao parlamento a proposta do Governo de nomear Mário Centeno (ministro das Finanças de governos PS entre novembro de 2015 e junho de 2020) para o cargo de governador, tendo entrado em funções em 20 de julho.

Vários partidos apresentaram projetos e objeções ao processo, no sentido de alterar as regras de nomeação da direção do BdP, mas sem conseguir impedir a passagem direta de um cargo para outro.

O 'período de nojo' para exercer funções no BdP, aprovado pelos deputados, foi votado já depois de Mário Centeno passar de ministro das Finanças a governador em 36 dias, e acabou por excluir cargos políticos.

Na mesma entrevista, Teodora Cardoso alerta que a situação económica "está mais complicada", mostrando algum pessimismo e avisando que as empresas já não têm o pé de meia que tinham no início da pandemia. Por este motivo, recomenda cautela e realismo nas projeções. 

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