Lava Jato acusa ex-presidente da Saipem de branqueamento de capitais
A operação Lava Jato acusou hoje o ex-presidente da empresa italiana Saipem no Brasil, Paolo Veronelli, de alegada corrupção e branqueamento de capitais, num esquema que movimentou cerca de 4,7 milhões de dólares (4,19 milhões de euros).
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Economia Saipem
Além de Veronelli, foi também acusado no mesmo caso o operador financeiro Mario Ildeu Miranda, por atos de corrupção e branqueamento de capitais relacionados a contratos da petrolífera estatal brasileira Petrobras com o Grupo Saipem, no planeamento e execução do Projeto Mexilhão - plataforma de produção de gás natural e condensado -, realizados entre 2006 e 2011.
Segundo as investigações, Veronelli, à época presidente da Saipem no Brasil, atuou em conjunto com o operador financeiro Zwi Skornicki para pagar subornos a funcionários públicos da Petrobras.
"Os valores ilícitos pagos pelo Grupo Saipem seriam divididos entre Pedro Barusco, na época Gerente Executivo de Engenharia da Petrobras, Skornicki e Miranda, sendo que uma parte ainda seria destinada ao próprio Veronelli", indicou a Lava Jato em comunicado.
Para dar aparência de legalidade aos movimentos financeiros ilícitos, foram celebrados dois contratos alegadamente falsos de consultoria entre empresas do Grupo Saipem e a Eagle Brasil, companhia pertencente a Zwi Skornicki.
"Através desses contratos, empresas do Grupo Saipem transferiram mais de 18 milhões de reais (3,2 milhões de euros) a Skornicki, encarregado de distribuir as quantias ilícitas a cada um dos participantes do esquema criminoso", de acordo com a acusação.
O modo de operação é semelhante a outros esquemas investigados e denunciados pelo grupo de trabalho da Lava Jato no Paraná, a maior operação contra a corrupção no Brasil.
A investigação aponta que Skornicki usou contas secretas no exterior, em nome de 'offshores', para transferir parcelas do valor aos beneficiários do esquema fraudulento, "dissimulando o pagamento ilícito".
Ao todos, as operações de branqueamento de capitais totalizam 4,735 milhões de dólares (4,19 milhões de euros).
Segundo a operação, o esquema ilícito foi comprovado através de documentação bancária das contas mantidas no exterior, assim como por Pedro Barusco e João Antonio Bernardi Filho, um dos representantes da Saipem no Brasil, que confirmaram os subornos em relação aos contratos firmados pela Saipem no Projeto Mexilhão.
Para a procuradora Laura Tessler, a acusação em causa evidencia não só a necessidade de se combater a corrupção, mas também de se exigir uma conduta ética por parte das empresas.
"Neste caso, o facto de o então presidente da Saipem no Brasil receber parte da divisão dos recursos ilícitos, além de revelar o esquema, também indica o efetivo conhecimento da empresa a respeito da corrupção concretizada e o seu esforço em dissimular a prática criminosa com a utilização de intermediários", declarou a procuradora.
Lançada em 2014, a Lava Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil, trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levou à prisão de muitos deles, como do ex-Presidente brasileiro Lula da Silva.
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