"A presença em feiras tem de ser sempre ponderada pelas empresas porque não faz sentido vir a uma feira se não tivermos associados a isso um produto adaptado ao mercado, um bom modelo de organização que corresponda às necessidades e se tudo isso estiver acautelado, não importa a dimensão", disse João Neves em declarações à agência Lusa.

O governante português esteve esta tarde na feira internacional Maison & Objet, dedicada a mobiliário e objetos de decoração para casa que se realiza duas vezes por ano, e visitou grande parte das 66 empresas nacionais que marcam presença neste certame até 10 de setembro.

Independentemente da dimensão, João Neves considera que a presença nesta feira é "relevante". "Esta feira é uma das mais importantes do mundo e estar aqui é muito relevante para termos contactos, não apenas para o mercado francês, mas para o mercado internacional", considerou o secretário de Estado.

A Dedal é uma empresa portuguesa criada por Patrícia Valinho em 2017 e que participa nesta feira internacional há quatro edições. Em Paris, a empresa começou a sua internacionalização.

"[Este salão] Trouxe-nos a internacionalização. Nascemos para o mundo e ficar em Portugal não nos vai trazer clientela. Optámos pela Maison & Objet pela proximidade do mercado europeu e porque o povo francês gosta muito dos nossos produtos, em particular a nossa cerâmica, e valorizam o saber fazer português", disse Patrícia Valinho.

A empresa, composta apenas por Patrícia Valinho, produz objetos de cerâmica e cortiça com um design moderno e contemporâneo, como acessórios de escritório ou taças. Os designers estão espalhados um pouco por todo o mundo, mas a produção e a matéria prima são 100% portuguesas.

Já a Gloop!, empresa instalada em Espinho que produz roupa de cama e outros acessórios em algodão orgânico para crianças e conta com oito funcionários, está pela segunda vez nesta feira, mas não deverá voltar.

"Este ano a estratégia foi cimentar França e termos um leque alargado de clientes, para atacar outros mercados. Em janeiro e setembro de 2020 já não vimos aqui, vamos para Colónia, para a maior feira a nível europeu de puericultura onde estão as principais marcas da nossa área", afirmou Nuno Monteiro, co-fundador da Gloop!.

Em França, esta marca portuguesa já é vendida em cerca de 100 lojas respondendo à procura do mercado francês de têxteis para crianças fabricados na Europa.

Segundo o secretário de Estado da Economia, França é um mercado que tem vindo a redescobrir Portugal em todos os sentidos. "Nós temos assistido a uma espécie de redescoberta por parte da França. Veem-nos como mercado interessante a nível do aprovisionamento de produtos porque temos qualidade, preço, serviço e proximidade. Do ponto de vista turístico e também numa nova dimensão, que não tínhamos antes, que é viver em Portugal", afirmou o governante.

Sobre os desequilíbrios que estas mudanças de franceses têm trazido ao quotidiano dos portugueses como aumento generalizado de rendas e do nível de vida, o governante considera que é preciso encontrar um equilíbrio.

"É evidente que temos níveis de vida e salários muito distintos. Se um francês auferir um salário normal em França e viver em Portugal, tem condições mais fáceis. [...] A procura de habitação tem conduzido ao aumento significativo das avaliações das casas. Mas há também um ponto de equilíbrio que se vai construindo com isso, não só em Lisboa e no Porto, mas também noutras cidades. Temos de olhar para isto de um ponto de vista positivo e do que pode introduzir na dinâmica das cidades", indicou João Neves.

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