O Benfica foi derrotado na passada segunda-feira em Alvalade e caiu para o quarto lugar do campeonato, onde está com os mesmos 33 pontos do Sp. Braga. O desaire, por 0-1, frente ao Sporting deixou a formação orientada por Jorge Jesus a nove pontos do 1.º lugar à 16.ª jornada e o Desporto ao Minuto quis perceber junto de Álvaro Magalhães, antigo jogador e treinador das águias, que explicações existem para a campanha menos positiva dos encarnados.

O técnico de 60 anos começou por analisar a escolha tática do colega e amigo Jorge Jesus no dérbi.

"A equipa, em termos táticos, surpreendeu toda a gente. No entanto, uma equipa que vem a jogar com um sistema diferente, contra um adversário direto, num jogo importantíssimo para o Benfica, apostar num sistema de jogo sem rotinas porque não há tempo para trabalhar… É complicado. O Jorge Jesus surpreendeu, as coisas não correram bem, mas também não foi culpa do sistema tático o facto de a equipa não jogar o que se impunha", começou por analisar, em exclusivo, Álvaro Magalhães.

Para o antigo treinador do Farense, última equipa que treinou em 2018/19, um sistema com três centrais requer muitas horas de treino, e isso beneficiou o Sporting no encontro de segunda-feira.

"O Rúben Amorim montou este sistema de três centrais desde que entrou no Sporting e, no início, teve muitos problemas. Cometeu erros atrás de erros e até foi eliminado no playoff de acesso à Liga Europa. O sistema tático que ele montou levou tempo a trabalhar, e é um sistema que precisa de tempo. Os jogadores necessitam de ser muito inteligentes. Neste sistema, é preciso os jogadores serem muito fortes psicologicamente e os laterais são fundamentais, com uma grande capacidade ofensiva e defensiva", realçou.

Pedro Porro e Pizzi no dérbi© Getty Images

Para Álvaro Magalhães, o que falta, essencialmente, à equipa do Benfica é apresentar outra atitude dentro de campo. Uma atitude, por exemplo, que esteve latente no encontro frente ao FC Porto no estádio do Dragão.

"É uma equipa muito lenta, muito passiva, parece que não querem nada com aquilo… Parece que estão a jogar na praia. O FC Porto, por exemplo, sem ser uma equipa que jogue muito bem, é uma equipa agressiva, que pressiona, que luta… Na maioria dos jogadores, não digo todos, há ali alguma falta de coragem, falta de nervo. Para ganhar campeonatos, por vezes, não é preciso jogar bem. É preciso é ser uma equipa organizada, a trabalhar bem, com dedicação e com espírito de entreajuda para o coletivo funcionar em pleno. No Benfica, há muitas individualidades e todos querem mostrar o seu real valor, mas o futebol em primeiro lugar é um desporto coletivo", frisou o treinador de 60 anos, que foi adjunto das águias entre 2003 e 2005.

Magalhães reconhece que "há jogadores com muita qualidade no Benfica", mas aponta-lhes uma espécie de "travão psicológico". 

"O grande problema é que, desde o início da temporada, não houve um onze base claro. O onze nunca ficou bem definido… Há jogadores que não estão também no seu máximo. Há ali algum travão psicológico, não sei. Há ali qualquer coisa que não está a funcionar bem", finalizou.

Além dos títulos que já conquistou como treinador - campeão na II Liga, II Divisão B e campeão na Liga angolana -, como jogador, Álvaro Magalhães tem no currículo 10 títulos ao serviço do Benfica. Na Luz conquistou quatro Campeonatos, quatro Taças de Portugal e duas Supertaças.

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