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Escritor transmontano Pires Cabral assinala 40 anos de carreira

O escritor transmontano Pires Cabral assinala 40 anos de uma carreira literária, que já contabiliza 53 livros publicados, lançada no ano de uma revolução que mudou o país e mais tarde veio a inspirar alguns dos seus poemas.

Escritor transmontano Pires Cabral assinala 40 anos de carreira
Notícias ao Minuto

11:29 - 15/04/14 por Lusa

Cultura Literatura

Lançou o primeiro livro "Algures a nordeste" em 1974, com 33 anos, e a partir daí António Manuel Pires Cabral não parou e conseguiu publicar em média mais de uma obra por ano.

"São 40 anos a escrever ininterruptamente, com muitos milhares de páginas escritas e a maior parte daquilo que escrevi ainda nem sequer anda publicado em livro. São já mais de um milhar de crónicas que publiquei em jornais", afirmou hoje à agência Lusa.

E são também obras de vários géneros, desde a poesia, conto, romance e até o teatro.

"A poesia é a base do meu trabalho. Vejo o mundo de um prisma poético e isso reflete-se naquilo que escrevo", salientou.

"Algures a nordeste" foi publicado depois da revolução, mas inclui poemas que já vinham a ser escritos desde 1962 e reflete a realidade transmontana de então, os animais, plantas ou os costumes.

A edição foi paga por si e custou "nove contos de reis" (45 euros) mas depois, sem saber o que fazer com mil exemplares, Pires Cabral aceitou a proposta dos bombeiros de Macedo de Cavaleiros, sua terra natal, que se prontificaram a pagar a edição e, em troca, a vender os livros para angariar verbas para a compra de uma ambulância.

A revolução dos cravos viria a inspirar o seu trabalho e reflete-se nos poemas do "Solo Arável", editado em 1976, onde faz uma "exaltação" ao 25 de Abril e às portas que abriu para a "liberdade e democracia".

"Recordo-me perfeitamente da agitação que houve nas ruas por causa da revolução. Apercebemo-nos através da rádio e dos comunicados do Movimento das Forças Armadas (MFA). Ficamos logo a saber que havia alguma coisa de muito importante que se tinha passado", frisou.

É verdade que a revolução lhe custou o lugar de diretor da escola industrial de Moncorvo, que ocupava na altura, cargo que foi extinto, obrigando-o a ocupar o lugar de efetivo em Vila Real.

No entanto, como homem de "esquerda moderada", Pires Cabral ficou "muitíssimo feliz" pelo triunfo do "tipo de democracia" em que diz acreditar.

"Hoje diz-se que está muito ameaçada, eu não acredito. Está instalada uma democracia representativa em que eu acredito, em que as pessoas elegem aqueles que os vão representar na Assembleia e na Presidência da República. Só por isso valeu a pena o 25 de Abril", sublinhou.

Ainda hoje vive em Vila Real e é em Trás-os-Montes, no encontro entre o granito e o xisto, entre a serra e o rio Douro e a "sua" Terra Quente, que o escritor encontra inspiração para a sua obra.

Ao longo da carreira já recebeu vários prémios literários, mas aquele que o marcou mais, pelo prestígio, foi o D. Dinis, atribuído pela Fundação Casa de Mateus, e que o juntou a uma vasta lista de premiados onde destaca Sophia de Mello Breyner Andresen.

Atualmente, Pires Cabral concilia a escrita com o trabalho no Grémio Literário de Vila Real e tem já mais projetos, como a edição de um livro onde quer reunir algumas das crónicas que tem escrito.

Em simultâneo está a pensar numa segunda edição do "Língua Charra", um dicionário de regionalismos de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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