Cancro e distúrbio alimentar: os dois lados da mesma moeda?
Os médicos pedem estudos, os pacientes tentam evitar relações. Será o cancro uma causa direta de distúrbios alimentares, ou serão os distúrbios alimentares uns ‘aproveitadores’ desta doença para prevalecerem?
© Reuters
Lifestyle Saúde
Kathleen Emmets teve cancro e anorexia. Teve anorexia depois do cancro. Porquê? Porque gostou de ver o seu corpo magro e delgado durante o processo de tratamento da doença.
Agora, Emmets relata num blogue – ‘The Manifest-Station’ – algo que os médicos há muitos suspeitam mas que a ciência tarda a estudar: a relação direta entre o cancro e os distúrbios alimentares.
Conta o The New York Times que o relato de Emmets deu origem a tantos outros, todos eles semelhantes e em que a anorexia e bulimia surgiram durante e depois do tratamento do cancro.
"Eu também usei o meu tratamento como uma desculpa para praticar o meu distúrbio alimentar. Ninguém me questionou por que não estava a comer, porque estava a vomitar, porque estava a perder peso de forma rápida", escreveu Doreen, um dos muitos testemunhos presentes no blogue de Kathleen Emmets.
O médico oncologista Aminah Jatoi é um dos que defende a necessidade de mais estudos que relacionem estas duas condições.
“É preciso haver mais pesquisa nestas áreas para que as pessoas estejam cientes de histórias de outros pacientes”, diz, frisando que a investigação científica irá ajudar a entrar causas e tratamentos para os distúrbios alimentares pós-cancro.
Até agora, apenas uma pequena investigação publicada, em 2011, no The International Journal of Family Medicine relatou um caso concreto em que se verificou o desenvolvimento de um distúrbio alimentar à conta do cancro. Tratava-se de Anna, uma jovem de 15 anos que desenvolveu uma anorexia nervosa enquanto se encontrava num tratamento para avançado para curar uma osteossarcoma.
Para os autores deste estudo, a anorexia nervosa é difícil de diagnosticar em pacientes com cancro, uma vez que a perda de peso é comum, assim como a incapacidade de ter uma alimentação adequada, muitas vezes por culpa de indisposições ou efeitos colaterais da quimioterapia ou radioterapia.
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