"Temos sempre muito mais candidatos do que o número de fogos que são postos a concurso. O que é bom, por um lado, [porque] quer dizer que as pessoas aderem ao programa". Mas, por outro lado "impõem-nos um ritmo de conseguirmos pôr mais em bolsa", afirmou à agência Lusa Paula Marques.

A Câmara de Lisboa abriu hoje as candidaturas para a 9ª edição do programa Renda Convencionada, que, segundo a vereadora da Habitação, apresenta "uma bolsa maior, com 30 fogos dispersos na cidade", explicando que as habitações têm tipologias T0 a T3, de construção mais recente ou que resultam de reabilitação urbana, com valores de renda entre 170 e 590 euros.

Até 15 de janeiro, os interessados podem candidatar-se a um dos 30 apartamentos disponíveis, 19 dos quais situam-se na freguesia de Marvila e os restantes em Santa Maria Maior.

De acordo com a vereadora da Habitação, na Renda Convencionada "o valor dos fogos está entre 30 a 40% abaixo dos valores de mercado para a zona".

Este programa é destinado a "um segmento da população que, ainda que tenha algum rendimento [...], não lhe é suficiente para fazer face a uma renda com valores no arrendamento privado".

"Ainda que esperemos todos que as condições de vida em Portugal mudem do ponto de vista socioeconómico, a verdade é que ainda há muita gente que não tem capacidade financeira para recorrer ao mercado de habitação privado e, portanto, naturalmente, recorre aos programas públicos de habitação", considerou a vereadora.

Qualquer pessoa pode concorrer ao programa da renda convencionada, porém "a renda a que se concorre não pode significar menos de 10% do rendimento do agregado, nem mais de 40%", explicou.

Nas oito edições anteriores do programa, que se iniciou em janeiro de 2013, foram registadas um total de 2.990 candidaturas e atribuídos no total 96 fogos dos 118 que foram a concurso, informou Paula Marques, admitindo que algumas habitações não tiveram procura devido à localização ou à tipologia do fogo.

Em relação ao perfil dos candidatos ao longo do programa, 52% residiam no concelho de Lisboa, enquanto os restantes vinham de fora do concelho. Do total dos candidatos, 60% tinham até 35 anos e 35% entre 36 e 59 anos, revelou a vereadora da Habitação.

A candidatura de "pessoas isoladas é a preponderante", correspondendo a 75% do total, informou Paula Marques, explicando que "tem a ver com o tipo de fogos que estão a concurso".

Os restantes 25% dos candidatos à Renda Convencionada são repartidos por 20% de agregados de duas pessoas e 5% de agregados de famílias numerosas, informou.

A autarca explicou que existem estudantes que se organizam para partilhar casa e candidatam-se a um T4 com uma renda de 450 euros, o que "é substancialmente mais baixo do que aquilo que cada estudante pagaria por um quarto".