Estado aumenta participação na Renault para continuar acionista
O Estado francês anunciou hoje que aumentou a participação na Renault de 15,01% para 19,74%, sublinhando que este acréscimo é apenas temporário para obter ações com direitos especiais, designadamente com o dobro dos votos.
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Economia França
Segundo explicou a Agência de Participações Estatais francesa (APE) num comunicado, na operação de compra de ações da Renault anunciada no início do mês, o Estado comprou 14 milhões de ações, passando a deter um total de 58.387.915 'papéis'.
A APE insiste que, "em coerência com os seus objetivos", esta nova posição "é apenas temporária" e não significa "um movimento duradouro para aumentar ou diminuir a participação no capital" da Renault.
O objetivo do Estado com esta operação é "defender os seus interesses como acionista com peso a favor da instauração de ações que dão o dobro dos votos", permitida pela "lei Florange", que vai ser decidida na assembleia-geral de acionistas no próximo dia 30 de abril, adianta a APE.
A "lei Florange", de 2014, origina o dobro dos direitos de voto das ações de empresas cotadas em bolsa que estejam em carteira há mais de dois anos.
Ao abrigo desta Lei, a participação de 19,74% do Estado na Renault corresponde a cerca de 23,2% dos direitos de voto.
A instauração de ações com o dobro dos votos na Renault - à qual se opõe o Conselho de Administração da Renault, bem como o presidente da mesma, Carlos Ghosn - é defendida pelo Governo francês, que alega "o caráter estratégico" que atribui àquela "grande empresa industrial".
Perante as dúvidas, o executivo francês sublinhou que "está e estará atento para exercer a sua influência em relação aos equilíbrios da aliança entre a Renault e a Nissan de acordo como foram definidos quando foi criada e apoiando o compromisso de Carlos Ghosn para a fazer perene e aprofundar".
Ghosn obteve o apoio do Conselho de Administração na semana passada para submeter à assembleia-geral uma resolução que procura impedir que o Estado possa beneficiar de um direito de voto duplo, que lhe daria um poder muito superior ao da Nissan, o outro grande acionista com o qual estava até agora em igualdade.
Com esta operação de compra de ações da Renault - que terá representado um investimento de cerca de 1,23 mil milhões de euros - o Estado quer manter o estatuto de acionista com direitos especiais da empresa na próxima assembleia-geral, já que pretende vender as ações depois de chumbar a proposta de alteração.
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