O regresso do dinossauro, os resultados históricos e o tropeção comunista
As eleições autárquicas saldaram-se com muitas novidades, umas históricas e outras inesperadas, mas também com um regresso nem tanto inesperado quanto isso.
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Política Autárquicas
O PS conquistou um resultado histórico nestas eleições autárquicas, com mais de metade das autarquias conquistadas.
Mas nem só do PS reza a história neste sufrágio que contou com o regresso ao poder de Isaltino Morais, com um resultado inédito do CDS e até com uma eleição inesperada num bastião comunista.
A história faz-se também com a eleição da primeira mulher presidente em Matosinhos, uma das autarquias que tanto deu que falar na pré-campanha e até durante a campanha eleitoral. E claro, a maioria absoluta no Porto também não faltou para coroar uma polémica que se estendeu por vários meses, com Rui Moreira e Manuel Pizarro a passarem de amigos a inimigos.
Rui Moreira conquistou a maioria absoluta no Porto© Global Imagens
Rui Moreira é um dos principais grandes vencedores destas eleições autárquicas. Depois do fim do ‘namoro’ com Manuel Pizarro, do PS, muito se falou daqueles que seriam os resultados que o presidente da Câmara do Porto alcançaria, agora que perdia o seu braço direito.
Porém, o autarca portuense renovou o voto de confiança dos seus eleitores e foi premiado com o 'óscar' da maioria absoluta conquistando 44,46% dos votos.
Em segundo lugar ficou Manuel Pizarro, o seu antigo aliado e novo ‘inimigo’, com 28,55% dos votos.
Fernando Medina conquista resultado histórico para o PS© Global Imagens
Fernando Medina também não se pode queixar. À hora de fecho desta edição, o autarca lisboeta arrecadava 41,93% dos votos deixando Assunção Cristas (CDS) em segundo lugar, com 20,77% e Teresa Leal Coelho (PSD) num longínquo terceiro lugar, com 11,36% dos votos. O resultado alcançado na primeira vez que concorreu a uma autarquia não só foi marcante para si, mas também para o PS que jamais tinha alcançado tamanho resultado com um candidato a concorrer pela primeira vez.
Isaltino Morais, o regresso do dinossauro em Oeiras© Global Imagens
Isaltino Morais regressou, arriscou e venceu em alta velocidade, deixando os adversários – leia-se, o seu pupilo Paulo Vistas – a ‘comer pó’. Depois de 24 anos à frente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino foi obrigado a abandonar o cargo para ser julgado e cumprir uma pena de prisão pelos crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal. Agora, três anos depois de ter saído da cadeia, Isaltino Morais dá uma ‘chapada de luva branca’ a todos os que consideraram que era já um dinossauro em vias de extinção, conquistando a maioria absoluta em Oeiras com 41,65% dos votos – Paulo Vistas ficou em segundo lugar com apenas 14,18% dos votos. Isaltino está de volta à cadeira do poder, embora advirta que o “poder não é a cadeira”, mas sim “a capacidade para ouvir as pessoas”.
Assunção Cristas reforça o poder do CDS em Lisboa, mas também a sua liderança© Global Imagens
Assunção Cristas é também uma das maiores vencedoras da noite. Não só conseguiu um resultado histórico em Lisboa (18,81% dos votos), como consolidou a sua liderança no CDS, deixando para trás o ‘fantasma’ Paulo Portas que na cabeça de muitos pensadores ainda a perseguia. Com este resultado, como bem frisou Luís Marques Mendes, o CDS passa a estar na posse do poder perdido pelo PSD, cuja candidata Teresa Leal Coelho está ainda, à hora de fecho desta edição, a disputar o terceiro lugar com a CDU.
Luísa Salgueiro é a primeira mulher a liderar a câmara de Matosinhos© Global Imagens
Quem também saiu a ganhar foi Luísa Salgueiro, a candidata do PS à Câmara Municipal de Matosinhos. Uma das autarquias que mais deu que falar por ter vários independentes que eram ex-socialistas, o que levou a um monopólio na campanha sobre as guerras internas do partido, tem agora como presidente, pela primeira vez, uma mulher. Luísa Salgueiro venceu com 36,36% dos votos deixando o dinossauro Narciso Miranda na pré-história com 16,19% dos votos.
Ricardo Robles conquistou o lugar de vereador em Lisboa© Global Imagens
Regressando a Lisboa, Ricardo Robles – o candidato sensação destas eleições – conseguiu ser eleito para o mandato de vereador na autarquia. É caso para dizer que os eleitores não resistiram aos seus ‘lindos olhos verdes’ e o Bloco de Esquerda saiu a ganhar com um confortável quinto lugar e com mais 2,4% dos votos (dados apurados à hora de fecho desta edição), quando comparado com a eleição de 2013.
Inês de Medeiros destronou a CDU em Almada© Global Imagens
Inês de Medeiros é outra das grandes surpresas desta eleição, apanhando muito bom comunista na curva. Isto porque é a nova presidente da Câmara Municipal de Almada, destronando desta forma Joaquim Estêvão Judas de um trono que era historicamente da CDU. A irmã da conhecida realizadora portuguesa faz parte da lista de autarquias que a coligação comunista perdeu para o PS.
António Costa frisou a "maior vitória eleitoral" da história do PS© Global Imagens
Por fim, mas não menos importante, está a vitória de António Costa. Depois de ter perdido as eleições legislativas em 2015 e tendo conseguido formar governo com o inédito e histórico apoio parlamentar do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português, o líder socialista tinha nestas eleições a sua ‘prova de fogo’. E chamado a exame, António Costa passou com distinção, obtendo a vitória em mais de 160 câmaras (dados apurados à hora de fecho desta edição) num total de 308 autarquias naquela que é a “maior vitória eleitoral de toda a sua história", como fez questão de frisar António Costa.
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