O movimento 'C'o nosso dinheiro, NÃO!' congratula-se com o facto de o apoio dado pelo Governo português à iniciativa She Decides ser "sobretudo político".

A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, garantiu esta sexta-feira à Rádio Renascença que está em causa “sobretudo um apoio político” à iniciativa lançada na Holanda para reforçar as fontes de financiamento para organizações internacionais que trabalham na área do planeamento familiar. A medida do governo holandês visa reunir donativos para compensar a proibição, por parte dos Estados Unidos, de financiar grupos internacionais que realizam abortos ou dão informação sobre essa opção em países em desenvolvimento.

“Achamos bem que não haja apoio financeiro, mas entendemos que também o apoio político é criticável”, afirma um representantes do movimento 'C'o nosso dinheiro, NÃO!'.

Ao Notícias ao Minuto, Francisco Alvim diz considerar que houve uma mudança de posição do Executivo em relação a esta matéria no decurso do comunicado emitido pelo Movimento Douro Litoral e do pedido de esclarecimento feito pelo deputado do CDS Filipe Lobo d’Ávila.

“Parece-nos existir uma contradição em relação ao comunicado inicial. Qualquer dia vamos ter de pedir à secretária de Estado o acesso aos emails e SMS para perceber se o que diz agora coincide com o que disse anteriormente”, atira.

O mesmo representante teme ainda que o apoio político a uma iniciativa criada em oposição a uma medida tomada pela administração norte-americana “possa ser mal interpretada [pelos EUA] e prejudique as relações diplomáticas” com Portugal.

Abortos em países em desenvolvimento? 'Com o nosso dinheiro, não!'

O Movimento Douro Litoral emitiu esta semana um comunicado intitulado 'C'o nosso dinheiro, NÃO!', manifestando o seu desagrado perante o apoio anunciado pelo Executivo português à iniciativa She Decides, por considerar que apoiar o fundo criado pelo governo holandês incentiva a prática de abortos a nível mundial.

“O dinheiro que venha a ser angariado pela iniciativa 'She Decides' destina-se só a financiar abortos pelo mundo inteiro. Nós estamos contra a mortalidade, seja infantil, seja das mulheres que se sujeitam a esses procedimentos”, defendeu Francisco Alvim, representante do movimento com o mesmo nome, em declarações ao Notícias ao Minuto.

No entender do advogado, que diz “não pôr em causa que haja outras preocupações a nível do planeamento familiar”, “é preciso trabalhar no sentido ajudar as mulheres a ter os seus filhos e dar-lhes condições para isso”. É assim, defende, mesmo nos casos em que são as próprias mulheres a tomar a iniciativa de abortar, independentemente de terem ou não condições higiénicas e sanitárias para o fazer.

“O que tem de se fazer é criar centros de saúde capazes de responder às necessidades das grávidas e não promover o aborto”, reforça, convicto de que “parece existir uma espécie de colonização encapotada para imprimir ideologias que estão no ocidente a outros países menos desenvolvidos”.

“A raiz da nossa preocupação é criar uma cultura de amor e não de morte pelo mundo inteiro”, sublinha, explicando, a título de exemplo, que “em Angola e Moçambique existem problemas sérios de despovoamento e em algumas zonas não existem pessoas para trabalhar”.