Mensagem de Marcelo? "O discurso dirige-se direitinho para o Governo"
Pandemia, Governo de Salvação Nacional e mensagens de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa foram temas em cima da mesa no habitual comentário de Francisco Louçã na SIC Notícias.
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Política Francisco Louçã
Tendo o 11.º Estado de Emergência sido ontem aprovado na Assembleia da República e com o primeiro-ministro e o Presidente da República a darem a entender que o confinamento é para manter até final de março, Francisco Louçã comentou, esta sexta-feira, a semana política e pandémica no nosso país. No habitual espaço na SIC Notícias, o economista começou por considerar que se percebe, "do ponto de vista do Governo", o porquê de haver "tanta preocupação": "Quer passar a Páscoa e evitar que na Páscoa possa haver qualquer repetição do que foi no Natal".
Entretanto, acrescentou, "os números continuam a ser muito pesados", destacando que foi ultrapassada a "barreira dos 15 mil mortos" e que, destes, "dez mil eram maiores de 80 anos". Neste sentido, Louçã reiterou que se "percebe que há uma preocupação para evitar qualquer prolongamento desta situação".
O discurso de António Costa foi, para o fundador do Bloco de Esquerda, "claro sobre a sua preocupação". "Ele [o primeiro-ministro] quer manter em reserva o máximo de contenção". Já olhando para a comunicação ao país de Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Louçã frisou que o Chefe de Estado "sugeriu que comece a haver um plano para a reabertura das aulas".
Mas Marcelo "sobrepôs duas mensagens no mesmo discurso". "A pouco importante é a do Governo de Salvação Nacional", advogou, justificando que foi já "proposto por Miguel Sousa Tavares, no contexto dos seus artigos, e por pessoas como Manuel Villaverde Cabral ou Alberto João Jardim, cujo peso na decisão política não é excecional".
"O problema, na verdade, não existe. A não ser que haja alguém no PSD que possa achar que se evitava uma vinda de Passos Coelho com um Governo de Salvação Nacional. Tudo isso é atamancado. Essa proposta é marginal no debate político", opinou.
Para Louçã, o Presidente da República estava, na realidade, a "jogar bilhar às três tabelas", ou seja, "estava-se a referir ao Governo de Salvação Nacional, que não tem importância nenhuma, para falar de um assunto sobre o qual queria deixar um recado para bom entendedor, esse sim com muita importância, que é uma crise política".
"Um Governo de Salvação Nacional não provoca uma crise política. Não provoca eleições. O Presidente, ao mesmo tempo, refere: 'Eu não quero isso e não quero também uma crise política que provoque eleições'", argumentou o economista.
E essa crise não está relacionada "com o Governo de Salvação Nacional", frisou Louçã, mas com "o apetite que poderá surgir, porque há quatro anos que é um tema permanente no núcleo restrito do Governo [...], que o pós-eleições autárquicas seria um bom momento para provocar uma crise política".
"Creio que essa é a mensagem clara [de Marcelo]: 'Não pensem que comigo qualquer coisa deste tipo vai acontecer'. O discurso dirige-se direitinho para o Governo".
Recorde-se que ontem, na sua declaração, o chefe de Estado sublinhou que "os portugueses compreenderam que o bom senso já aconselhava que provocar, nesta altura, crises políticas, com cenários de governos à margem dos partidos, de resultado indesejável em tempo perdido, em terceiras eleições no verão e nada de novo no horizonte, não servia para outra coisa se não para agravar a pandemia".
"Agora é tudo muito claro, temos de sair da primavera sem mais um verão e um outono ameaçados em vida, economia, saúde e sociedade", enfatizou.
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