Jornalista Germano Silva recebe honoris causa da Universidade do Porto
O Senado da Universidade do Porto aprovou, por unanimidade, atribuir o título de Doutor Honoris Causa ao jornalista Germano Silva, cuja cerimónia está marcada para dia 3 de novembro na Reitoria, disse hoje à Lusa fonte oficial.
© Reuters
País Novembro
"Estão satisfeitas todas as condições para a atribuição do grau de Doutor Honoris Causa exigidas pelo regulamento deste título honorífico da Universidade do Porto", lê-se no despacho da Universidade do Porto (UP) sobre a Concessão do título Doutor 'Honoris Causa' a António Germano Silva, e assinado pelo reitor, Sebastião Feyo de Azevedo.
Em entrevista à Lusa, Germano Silva confessa que foi "uma completa surpresa" ser chamado ao gabinete do reitor para saber se queria aceitar a atribuição do título.
"Não estava nada à espera de uma comunicação daquele género. À surpresa juntou-se logo a seguir a emoção (...). O rapazinho pobre, o pé descalço ascendia a uma plataforma até inimaginável para ele", conta Germano Silva.
Germano Silva, 85 anos, iniciou a sua carreira jornalística há 60 anos no Jornal de Notícias como colaborar de Desporto, percorreu os diferentes patamares hierárquicos desde estagiário a chefe de redação e é hoje "uma das mais respeitosas figuras no estudo e divulgação da história da cidade do Porto", tendo a sua obra espelhada em 18 livros publicados, lê-se no mesmo despacho da UP.
Germano Silva assume que aceitou o convite por uma forte razão. "Vi naquela atribuição não a distinção do cidadão anónimo que sou eu, mas sim o trabalho que ao longo de muitos anos ando a fazer sempre a favor do Porto e dos portuenses", explica o jornalista, considerando que a distinção universitária premeia o seu "trabalho" e não a sua pessoa "que pouco ou nada vale".
Germano Silva considera que a distinção que vai receber é principalmente para os portuenses.
"A distinção não é só para mim. É sobretudo para os portuenses, especialmente para os meus fiéis leitores que têm compreendido o alcance das minhas mensagens e me incentivam a continuar. Mas é também e principalmente para aqueles que têm sido o veículo das minhas crónicas. Eu poderei saber alguma coisa sobre a história do Porto mas se não tivesse um meio de veicular esse conhecimento até junto do público o meu conhecimento de nada valia".
Segundo Sebastião Feyo de Azevedo, de quem partiu a proposta de atribuição do 'honoris causa', Germano Silva "empenhou-se em fazer um retrato vivo da memória da cidade [do Porto], contribuindo decisivamente para a sua preservação e para, de uma forma pedagógica, disseminar o gosto pela conservação do património material, mas também pelo imaterial, matéria com que se constrói a identidade e o sentimento de pertença a uma comunidade".
Num comunicado de imprensa da UP pode ler-se que a atribuição deste doutoramento 'honoris causa' é o reconhecimento da "notável forma de aproximação dos cidadãos à história da sua cidade" desenvolvida por Germano Silva, e é também uma forma da UP "demonstrar publicamente o seu apreço pelo estudo e pelo trabalho, como instrumentos de desenvolvimento e valorização pessoal", tendo em conta o seu percurso individual de "jornalista e de historiador autodidata".
O dia do "noivado", como definiu o próprio Germano Silva, está marcado para dia 03 de novembro no salão Nobre da Reitoria, e nessa altura, o novo doutor poderá recordar durante a cerimónia o passado de um "rapazinho pobre" que começou a ganhar a vida como marçano num retroseiro, depois foi operário fabril numa fábrica de fósforos, depois numa fábrica de lanifícios e que frequentou à noite um curso geral de comércio na antiga Escola Comercial de Oliveira Martins.
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