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Trabalhadores da Controlinveste contestam despedimento coletivo

Dezenas de trabalhadores da Controlinveste concentraram-se hoje, em Lisboa, para contestarem o despedimento coletivo no grupo de comunicação social, alertando para os impactos que a medida terá no pluralismo da informação e na democracia portuguesa.

Trabalhadores da Controlinveste contestam despedimento coletivo
Notícias ao Minuto

20:28 - 07/07/14 por Lusa

País Vigília

Trabalhadores do grupo, jornalistas de outros meios de comunicação, deputados e sindicalistas juntaram-se ao final da tarde numa vigília em frente ao Diário de Notícias (uma das publicações da Controlinveste), em Lisboa, em solidariedade e contra o despedimento coletivo de 140 pessoas na Controlinveste, que detém também o Jornal de Notícias (JN), O Jogo, a TSF e a Notícias Magazine.

"É o maior despedimento coletivo na comunicação social. Tem um impacto terrível para os trabalhadores neste momento de crise, em que não há emprego. Mas o impacto não é só social, também há uma perda na qualidade da informação e no pluralismo, o que é muito importante", afirmou a vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas, Rosária Rato, sublinhando que "a quebra no pluralismo de informação é um ataque à democracia".

Com esta redução no número de trabalhadores, os títulos do grupo e a TSF "não vão ter a mesma qualidade de informação", uma vez que as redações já tinham sido reduzidas com outro despedimento coletivo de há cerca de cinco anos, e, por isso, "é impossível fazer o mesmo trabalho com muito menos pessoas", afirmou.

Para Rosária Rato, os despedimentos vão trazer uma "partilha de conteúdos" e uma "falta de alternativa", o que pode fazer cair "ainda mais" as vendas.

Também o jornalista do JN Paulo Martins considerou que este despedimento coletivo "tem impacto no jornal, mas muito mais na sociedade" portuguesa.

"Já houve muitos despedimentos, infelizmente eu acho que vai haver mais e [assim] reduz-se a pluralidade informativa, a qualidade de informação. Perdemos todos como cidadãos. Mas os vários poderes gostam disso", vincou Paulo Martins.

No caso do JN, está previsto o encerramento das delegações de Braga, Viana do Castelo e Coimbra e o despedimento de 10 jornalistas em Lisboa, com o desaparecimento da totalidade da secção de política.

"É um rude golpe na sobrevivência do JN", considerou o jornalista.

Entre as justificações para o despedimento dos jornalistas da Controlinveste estão as avaliações baixas e os ordenados altos. Foi o caso de Natacha Cardoso, fotojornalista da Global Imagens: "Disseram-me que ganho muito. O meu ordenado são 900 euros. E ganho muito", relatou à Lusa.

"Penso que o mercado do jornalismo está fechado. Estou neste edifício há 14 anos. Não vejo com muito bons olhos o futuro da fotografia", lamentou.

Os trabalhadores da Controlinveste vão estar em greve na próxima sexta-feira e o Sindicato dos Jornalistas espera que o despedimento coletivo ainda seja reversível e que sejam discutidas outras alternativas para que "a empresa possa poupar", como a redução salarial, admitiu Rosária Rato.

Os deputados do PCP, Bloco de Esquerda e do PEV, mas também os líderes sindicais da UGT e da CGTP que marcaram presença na vigília, demonstraram a solidariedade com os trabalhadores e fizeram apelos à empresa para que encontre alternativas que minimizem os impactos nos trabalhadores e elogios à importância cívica de um jornalismo plural.

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