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"É um ato com uma gravidade muito grande. Portugal não é este ato"

O almirante Gouveia e Melo reconheceu a dificuldade de ser militar, mas mostrou-se desapontado com o caso de desobediência no NRP Mondego, na Madeira.

"É um ato com uma gravidade muito grande. Portugal não é este ato"
Notícias ao Minuto

11:39 - 16/03/23 por Hélio Carvalho

País NRP Mondego

O chefe do Estado-Maior da Armada admitiu estar desapontado com a situação a bordo do NRP Mondego, salientando esta manhã de quinta-feira à tripulação do navio que o caso de desobediência não pode passar em branco: "É um ato vai ficar registado na nossa história, porque é um ato de insubordinação nas Forças Armadas, é um ato com uma gravidade muito grande".

Aos jornalistas, depois de falar aos militares da embarcação, Gouveia e Melo vincou que "a disciplina das Forças Armadas é a essência das Forças Armadas", e que a "hierarquia existe porque há uma necessidade de disciplina".

"Criou-se as hierarquias porque há necessidade das forças militares, que trabalham em risco de vida, sob stress e em sistemas complexos, serem altamente disciplinas e quando quebramos a disciplina, quebramos a essência das Forças Armadas", afirmou.

Na mesma intervenção que fez aos militares da respetiva guarnição, Gouveia e Melo indicou que a inspeção ao navio Mondego determinada pela Marinha concluiu que a missão ao largo da Madeira era "realizável em segurança".

Questionado sobre se o caso terá consequências para Portugal, nomeadamente junto dos seus aliados na NATO, Gouveia e Melo admitiu que não consegue dizer "que vá colocar Portugal numa situação complicada", mas garante que "Portugal não é este ato".

"Portugal está na República Centro-Africana (RCA), está na Roménia, no Báltico. Portugal tem um enorme leque de operações que decorrem de forma brilhante, que são muito respeitadas pelos nossos aliados", afirmou.

Sobre se os militares tinham, ou não, alguma razão relativamente à falta de recursos na Marinha e nas Forças Armadas, o almirante contornou o assunto, considerando que não é da sua competência julgar esses recursos.

"Eu não fui eleito democraticamente para decidir sobre isso. Quem foi eleito democraticamente para decidir sobre isso é o Governo. O que tenho de achar é se preciso ou não de informar o respetivo Governo, que me atribui o que acha que deve atribuir. O país tem muitas necessidades, não são só as Forças Armadas. E com o que me atribui começa o meu dever de otimizar todos esses recursos para cumprir a missão da Marinha, que é permitir que Portugal use o mar", esclareceu.

Antes, numa declaração a bordo do navio, o almirante Henrique Gouveia e Melo deixou claro que "a disciplina só existe quando se materializa a hierarquia", considerando a disciplina como "a cola estruturante das instituições militares".

"É por isso expectável que todos os elementos que servem na Marinha obedeçam prontamente a todas as ordens e instruções legitimamente emanadas pelo respetivo comando - não só expectável como é legalmente exigido. Um militar nunca poderá desautorizar a linha hierárquica", disse.

Apesar do recado dado, Gouveia e Melo garantiu ainda compreender a dificuldade de ser militar na Marinha e os riscos envolvidos.

No passado sábado, 13 militares do NRP Mondego recusaram a embarcar no navio e impediram que fosse cumprida uma missão de acompanhamento de um navio russo, ao largo da ilha de Porto Santo, na Madeira. Em causa estão queixas dos militares sobre a falta de condições de segurança no navio, sendo que, na segunda-feira, os 13 homens serão ouvidos pela Polícia Judiciária Militar.

[Notícia atualizada às 11h48]

Leia Também: Militares que se recusaram a embarcar "substituídos com máxima brevidade"

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