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Trotinetes. Ex-vereador de Lisboa acha acordo positivo, embora tardio

O especialista em mobilidade e ex-vereador Fernando Nunes da Silva considera que o acordo que prevê que as trotinetes passem a ter pontos de estacionamento e redução de velocidade em Lisboa "tem boas medidas", mas deveria ter sido já implementado.

Trotinetes. Ex-vereador de Lisboa acha acordo positivo, embora tardio
Notícias ao Minuto

20:13 - 31/01/23 por Lusa

País Fernando Nunes da Silva

As trotinetes em Lisboa vão ter pontos de estacionamento próprios obrigatórios, um limite de velocidade de 20 quilómetros por hora e um contingente máximo de veículos em circulação, segundo um acordo que a Câmara Municipal e os cinco operadores na cidade assinaram em 09 de janeiro.

Os operadores têm 60 dias para se adaptarem, segundo o protocolo assinado pelo presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), e representantes das empresas.

Fernando Nunes da Silva, que foi vereador da Mobilidade e Transportes em Lisboa entre 2009 e 2013 (pelo movimento Cidadãos por Lisboa, eleito na lista do PS), durante a gestão de António Costa, disse à Lusa que "não só as medidas em si são boas como a forma como se tentam pôr em prática é um bom exemplo de como as coisas devem ser feitas".

No entanto, o especialista em mobilidade considera que as medidas deveriam ter sido implementadas antes de "as coisas se desenvolverem de forma completamente anárquica".

"Estas medidas são muito importantes, deveriam ter existido no início, quando se permitiu que isto viesse ao mercado. Contudo, vão resolver alguns problemas. Só não os resolverão se for apenas um 'show-off' para os meios de comunicação, porque há tecnologia que permite, com pequenas modificações com o que já hoje existe no próprio sistema das trotinetes e também nas bicicletas, penalizar o utilizador que deixa a trotinete fora do sítio ou ultrapassar determinado tipo de velocidade", disse.

Na opinião de Fernando Nunes da Silva, é preciso acabar com os excessos de velocidade, o estacionamento anárquico que é visível todos os dias nas ruas da cidade de Lisboa.

"A tecnologia já existe, é aplicada a setores privados ou concessionados a privados e resolve o problema se for posta em prática", considerou.

No entendimento do antigo vereador da Câmara de Lisboa, é importante continuar a incentivar uma complementaridade entre os meios de transporte.

"[O modo suave] não substitui, mas são um atrativo suplementar ao uso do transporte coletivo. Uma das coisas que se veio a demonstrar e que fez com que muitas pessoas falassem em percentagens e não em números absolutos foi que, nas deslocações regulares, as bicicletas têm uma utilização absolutamente residual", disse.

O professor catedrático em Engenharia Civil lembrou que as bicicletas não chegam a representar, mesmo nas áreas metropolitanas, 1% das deslocações em bicicleta no país, nas zonas urbanas.

"Temos de ter consciência de que não é isto que vai resolver o problema da mobilidade sustentável. É importante, tem espaço para crescer e desenvolver. [...] Os utilizadores de bicicleta são sobretudo os que antes faziam circuitos a pé e que usavam transporte coletivo, mas é sobretudo para uma população mais jovem e que pode ser um elemento de complementaridade em relação ao transporte coletivo", reiterou.

No que diz respeito às trotinetes, Fernando Nunes da Silva diz que têm mais a ver com "lazer e adrenalina do que outra coisa qualquer".

"Vejo sobretudo pessoas jovens, turistas. Dizer que vai substituir... não. E, pior, o seu uso é perigoso. É importante a criação de infraestruturas que permitam que sejam atrativas e seguras", disse.

Também o especialista em transportes e vias de comunicação Luís Cabral da Silva disse à Lusa que o acordo em Lisboa pode ser bom, dependendo da forma como for cumprido.

"Em Portugal faz-se uma coisa e depois não se cumpre ou não se fiscaliza. Até ao momento não vi nenhuns efeitos práticos. Continuo a ver trotinetes nos sítios mais incríveis, mas acredito que vá melhorar se as medidas forem aplicadas", disse.

Luís Cabral da Silva considera igualmente as bicicletas e trotinetes podem ser um complemento dos transportes coletivos.

"Pode eventualmente libertar os transportes públicos, apesar de não ver reflexos disso, mas os [transportes] privados tenho as minhas dúvidas", disse.

Leia Também: Trotinetes são mais do que meio lúdico de transporte, defendem operadoras

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