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Ferro identifica "sinais de cansaço institucional que importa atacar"

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, afirmou hoje encontrar "no mundo atual sinais preocupantes que não podem deixar de inquietar os verdadeiros democratas", identificando um "cansaço institucional que importa atacar".

Ferro identifica "sinais de cansaço institucional que importa atacar"
Notícias ao Minuto

11:12 - 22/01/18 por Lusa

Política Assembleia da República

"Temos desafios internos, certamente. Temos sinais de cansaço institucional que importa atacar. Mas julgo que no essencial vivemos confiantes a nossa opção democrática, europeia e cosmopolita", disse, acrescentando que, contudo: "não vivemos numa ilha, isolados do mundo", mas num "mundo global e numa Europa onde os extremismos populistas estão a atingir intenções de voto que já não víamos desde os anos 30 de má memória".

Falando na sessão de abertura do Colóquio "O Futuro da Representação Política -- 200 Anos do Sinédrio", no Porto, e congratulando-se por Portugal não ter "uma extrema-direita com representação parlamentar", Ferro Rodrigues frisou que "as democracias não sobrevivem sem lealdade entre adversários e sem diálogo quanto às regras do jogo e quanto às opções estratégicas das comunidades".

"E também não sobrevivem se se deixarem intimidar pela lógica de novos poderes, não eleitos, e que condicionam e limitam o funcionamento democrático e a capacidade de os povos compreenderem que é pelo voto, e na eleição dos seus representantes, que se joga o poder o político. E hoje infelizmente há uma parte do poder que as pessoas sentem que se desligou dos eleitos e está em áreas de não eleição", disse.

O responsável político disse mesmo: "Se há lição que podemos retirar da história é que nunca devemos dar a democracia por adquirida" e importa, por isso, "defendê-la" e "aperfeiçoá-la".

Para o presidente da Assembleia da República, "não há democracia sem alguma forma de capitalismo, mas, pelo contrário, há muitos exemplos de capitalismo sem democracia" e são "cada vez mais exemplos, infelizmente".

"A retração social dos estados, a resposta da política de austeridade, a abertura global dos mercados são dinâmicas que até podem obedecer a lógicas de racionalidade económica, mas que estão a ter consequências sociais e políticas nefastas", considerou, acrescentando que as instituições internacionais, criadas para regular o capitalismo, parecem hoje dominadas pela lógica do 'laissez-faire, laissez-passer'".

Para Eduardo Ferro Rodrigues, "as desigualdades sociais, a desesperança das classes médias, o medo do futuro e do desconhecido estão a promover dinâmicas antidemocráticas e antieuropeias, já que chegaram ao interior da União Europeia, um espaço que nasceu como espaço da democracia e liberdade".

"O cinismo e o sentido de distância face ao poder ganham terreno", vincou, considerando que "é tempo de a Europa se reinventar" e de as "democracias de adaptarem aos novos tempos e estarem à altura das expectativas dos cidadãos".

Afirmando que na Assembleia da República se está "atento às novas exigências éticas e cidadãs", Ferro Rodrigues referiu o projeto do Parlamento Digital, bem como as propostas que a Comissão Eventual para o Reforço da Transparência em Funções Públicas "vai lançar para a discussão política e pública", como projetos que visam aproximar os portugueses do parlamento.

"Como tenho dito, a transparência, a publicidade, a divulgação dos processos legislativos não são aliados do populismo; pelo contrário, são um bom antídoto contra o populismo antiparlamentar, pois permitem aos cidadãos verem com os próprios olhos a democracia e os seus representantes a funcionar", concluiu.

Este colóquio, promovido pela Assembleia da República no âmbito do bicentenário do Constitucionalismo, em colaboração com a Câmara do Porto, decorre na Biblioteca Almeida Garrett durante o dia de hoje, data em que se assinalam os 200 anos do Sinédrio, que foi fundado no Porto com o objetivo de preparar a revolução liberal de 1820.

"A ambição de implantar em Portugal um regime constitucional e representativo alimentava a ação de Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho e Ferreira Viana", destaca a organização do colóquio.

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