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Alliance Française mergulhada em crise existencial

Mais de um terço dos administradores da Fundação Alliance Française, incluindo o presidente, anunciou hoje a demissão, mergulhando numa crise profunda a instituição que gere uma rede mundial de mais de 800 escolas dedicadas ao ensino de francês.

Alliance Française mergulhada em crise existencial
Notícias ao Minuto

19:42 - 18/01/18 por Lusa

Mundo Fundação

"Constatando que a situação financeira da Fundação não permite elaborar um orçamento para 2018 que lhe faculte os meios para prosseguir as suas atividades, o presidente, Jérôme Clément, e outros cinco administradores apresentaram a demissão", anunciou em comunicado a instituição que há várias décadas tem também escolas em Portugal.

Entre os demissionários figura, nomeadamente, o antigo primeiro-ministro de direita francês Alain Juppé.

A Fundação Alliance Française, independente do Estado e sediada em Paris, é uma espécie de "guardiã do selo da marca" Alliance Française, de que dependem 822 centros em 133 países.

Estas Alliances, organismos sem fins lucrativos separadas da Fundação, realizam mais de 20.000 eventos culturais por ano e dão aulas a mais de 500.000 alunos em todo o mundo.

"É uma rede fundamental para a diplomacia de influência" da França, precisou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, citado pela agência noticiosa AFP.

A demissão em bloco deveu-se ao longo contencioso que opõe a Fundação e a Alliance Française de Paris Ile-de-France (AFPIF), a primeira criada, em 1883, que considera ter sido espoliada e se recusa a pagar a renda das suas instalações, que lhe pertenciam antes de serem cedidas à Fundação, quando esta foi criada, em 2007.

Segundo fonte próxima do caso, as rendas por pagar desde 2016 ascendem a 700.000 euros, num orçamento total de quatro milhões de euros por ano.

O presidente da Fundação tinha pedido ao Estado para aumentar o financiamento desta (1,3 milhões de euros por ano), mas foi em vão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros considerou que as dificuldades da Fundação não se deviam apenas ao não-pagamento das rendas, mas também a uma "fragilidade estrutural".

"[A Fundação] praticamente não recolheu fundos em dez anos", contrariamente àquele que era o seu objetivo, observou o ministério, acrescentando que as demissões são a "constatação de um fracasso".

Embora recusando-se a "tomar partido no contencioso", o MNE, perante a "ameaça de dissolução" da Fundação, comprometeu-se "a continuar a apoiar as Alliances Françaises respeitando a sua autonomia".

A demissão de parte da administração ocorre pouco antes do anúncio pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, previsto para 20 de março, de um vasto plano para a promoção da francofonia.

Macron já tinha afirmado desejar "uma aproximação" entre a Fundação Alliance Française e o Instituto Francês, entidade pública que realiza eventos culturais no estrangeiro.

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