Mulheres da ilha do Príncipe reaprendem artesanato para atrair turistas
Um grupo de mulheres da ilha do Príncipe está a reaprender práticas ancestrais de artesanato para tentar atrair turistas, num projeto da antropóloga portuguesa Rita Alves, com apoio da multinacional sul-africana Here Be Dragons (HBD).
© Lusa
Mundo Projeto
Na roça Sundi, recentemente comprada pela HBD, no centro da mais pequena das ilhas que compõem São Tomé e Príncipe, Rita Alves conta com o apoio de dois artesãos para ensinar as mulheres a fazerem pequenas peças de artesanato para depois vender.
"O projeto Leve Leve compreende um conjunto de senhoras que estão desempregadas" e o objetivo é "transformar [o artesanato] em meio de subsistência e tentar retirar receitas do que elas sabem".
À semelhança do resto do país a ilha do Príncipe tem um desemprego elevadíssimo, em particular entre as mulheres e os mais jovens.
Para a antropóloga portuguesa, que está no Príncipe há vários anos, o objetivo é redinamizar práticas antigas de modo a criar novas receitas, principalmente num momento em que a ilha é cada vez mais procurada por turistas.
"Há praticas que já não são feitas" e que "queremos recuperar", como é o caso das "bonecas de folha de bananeira", uma tradição que se perdeu e que agora Rita Alves quer voltar a ter como ex-libris da ilha.
"É um brinquedo que [as mulheres] costumavam fazer quando eram mais novas e agora já não fazem". Mas, "antigamente faziam, vestiam, batizavam e tinham casamentos e padrinhos", uma prática ancestral que se perdeu, salienta a antropóloga.
Francisca Vieira, mais conhecida por 'Doca', é uma das jovens alunas. "Estou a gostar", diz, sem grande confiança, enquanto tenta entrelaçar o vime local, feito de uma planta chamada andala.
"Temos que fazer para vender [aos turistas] para comprarmos alguma coisa", explica, mostrando-se entusiasmada com esta nova arte.
Na ilha, desde que foi classificada Reserva da Biosfera em 2012, o número de turistas tem aumentado mas, até agora, os habitantes têm sentido pouco esse 'boom'.
Os turistas "vêm cá ver algumas coisas, mas sem comprar nada", explica 'Doca'.
O professor, 'Ivo', faz tudo a partir de andala, sejam cestos, sandálias, bases ou peças várias.
É uma "forma de ganhar algum dinheiro", explica, mostrando-se satisfeito com o progresso do grupo de seis alunas.
"Elas estão a dedicar-se para ter alguma coisa para passar a vida", explica.
Este projeto é custeado pela HBD, o maior investidor na ilha, dono de 'resorts' e de vários espaços protegidos, que quer dinamizar pequenos negócios que completem a oferta turística existente.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com