Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 12º MÁX 17º

Turquia recusa reconhecer genocídio de arménios

A Turquia rejeitou hoje a pressão internacional para reconhecer o assassínio em massa de arménios na Primeira Guerra Mundial como um genocídio, no 100.º aniversário da tragédia.

Turquia recusa reconhecer genocídio de arménios
Notícias ao Minuto

19:14 - 13/04/15 por Lusa

Mundo Pressão

A relação difícil que a Turquia tem com esta questão foi evidenciada no domingo pela reação incendiária do Governo ao uso, pelo papa Francisco, da palavra 'genocídio' para descrever o massacre: chamou o núncio no Vaticano e o enviado turco na Santa Sé.

Num ataque ao chefe da Igreja Católica pouco habitual num líder político, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, acusou Francisco de uma atitude "parcial" e "inapropriada" que afirmou ter ignorado o sofrimento dos muçulmanos na Primeira Guerra Mundial.

Estas trocas de palavras intensificaram tensões quando se aproxima a data do 100.º aniversário do início do massacre, a 24 de abril.

Mesmo antes de o papa entrar na polémica, os arménios acusaram a Turquia de tentar ofuscar aquilo a que chamaram as celebrações do seu genocídio ao marcar para o mesmo dia as cerimónias do centenário da famosa batalha de Gallipoli, da Primeira Grande Guerra, que habitualmente se realizam a 25 de abril, criando aos líderes mundiais um dilema quanto ao evento a que hão de assistir.

"Mete-te na tua vida, Papa", era a manchete do diário pró-governamental Star, ao passo que o diário Aydinlik titulou "A Nova Cruzada".

Uma fonte do Governo turco disse à agência de notícias francesa, AFP, que Ancara tinha ficado "verdadeiramente surpreendida" com os comentários de Francisco, que foram emitidos durante uma missa na basílica de São Pedro, no Vaticano, para assinalar as mortes dos arménios às mãos dos otomanos.

A Arménia e os arménios na diáspora dizem que 1,5 milhões dos seus antepassados foram assassinados por forças otomanas numa campanha cirúrgica ordenada pela chefia militar do império Otomano para erradicar o povo arménio da Anatólia, onde é agora o leste da Turquia, um argumento apoiado por vários parlamentos europeus.

A Turquia tem uma perspetiva diametralmente oposta da tragédia, sustentando que centenas de milhares tanto de turcos quanto arménios perderam a vida quando as forças otomanas combatiam o império russo pelo controlo da Anatólia oriental, durante a Primeira Guerra Mundial.

Apesar de se admitir que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o partido no poder, de raízes islâmicas, têm dado atenção às minorias religiosas da Turquia, eles não mostraram qualquer sinal de cedência na polémica do genocídio.

Erdogan expressou condolências aos arménios em 2014, mas a esse gesto não se seguiram quaisquer outras medidas, com a retórica a tornar-se, mesmo, mais aguçada.

Para muitos turcos, é inconcebível considerar que as forças otomanas foram responsáveis pelo pior de todos os crimes, numa altura em que eram comandados por figuras às quais se atribui a colocação das primeiras pedras para a criação da Turquia moderna, em 1923.

"Não há qualquer época, na história da Turquia, de que esta se possa envergonhar", disse o ministro dos Assuntos Europeus turco, Volkan Bozkir, classificando as afirmações do papa como "vazias".

O pior pesadelo da Turquia seria o reconhecimento pelos Estados Unidos das tais como genocídio e, a 18 de março último, 44 congressistas norte-americanos apresentaram uma resolução pressionando o Presidente, Barack Obama, a reconhecer essa interpretação.

O comentador Murat Yetkin argumentou, no Hurriyet Daily News, que a principal estratégia da diáspora arménia é encorajar o reconhecimento pelos Estados Unidos "não apenas por causa dos seus efeitos políticos e psicológicos, mas também por causa das suas consequências legais".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório