"Esta não é a nossa cimeira, nem são as nossas conversações", afirmou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, referindo, em nome de António Guterres, que, "por uma questão de princípios", a Ucrânia devia ser convidada para a mesma mesa onde serão realizadas as negociações "para alcançar uma paz justa e sustentável entre as duas partes (Rússia e Ucrânia)".
Na próxima sexta-feira, no estado norte-americano do Alasca, vai decorrer uma cimeira entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo norte-americano, Donald Trump.
Trump indicou já que em cima da mesa deverá estar uma proposta de troca de territórios, numa tentativa de colocar fim ao conflito iniciado em fevereiro de 2022.
A realização deste encontro sem sem uma presença ucraniana tem sido criticada, especialmente pela Europa (também ausente da reunião), e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já advertiu que Kyiv não poderá aceitar nenhum acordo alcançado por terceiros que comprometa a integridade do país.
Em relação à ausência da ONU nesta iniciativa promovida por Trump, Dujarric esclareceu que os organismos das Nações Unidas são muito ativos no campo humanitário na Ucrânia e, caso se chegue a um hipotético acordo de trégua, irão assumir a sua parte.
"Estamos prontos para apoiar todos os esforços em prol da paz (...) com base nos parâmetros que temos dito e repetido", disse o porta-voz de Guterres, em referência à soberania e integridade territorial da Ucrânia.
Desde o regresso de Trump ao poder, em janeiro passado, a marginalização da ONU nas diferentes negociações promovidas pelo republicano tem sido uma constante, quer no caso das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, mas também em acordos assinados, como o recentemente firmado entre Arménia e Azerbaijão. Também ainda não aconteceu uma reunião entre Trump e Guterres.
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