O ano era 2002. O jovem Thad Roberts, na altura com 24 anos, estava a estagiar na NASA, mas com dificuldades financeiras.
Talvez, por isso, a tentação - na forma de quase 8 quilos de rochas lunares e um meteorito, recolhidos na missão Apollo, trancados à chave num cofre de alta segurança, e avaliados em 18 milhões de euros - tenha sido demasiado forte para resistir.
Assim, Roberts começou a engendrar o plano.
Primeira fase: encontrar um comprador. Foi com a ajuda de um amigo que Roberts entrou em contato com um possível interessado - um belga, disposto a pagar entre mil a cinco mil euros por cada grama das rochas lunares.
Ora, contas feitas, o negócio ia render um mínimo de oito milhões e um máximo de 40 milhões de euros.
Mas Roberts encontrou um problema fulcral: o comprador começou a ficar com suspeitas e acabou por alertar o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI), que passaram a seguir atentamente o caso, a par de todas as comunicações.
Foi mais ou menos nesta altura, que Roberts conheceu a também estagiária Tiffany Fowler, de 22 anos, e um novo romance começou. Três semanas depois de se conhecerem começaram a viver juntos, e quando Roberts partilhou o plano com a namorada, ela rapidamente concordou em ajudar.
Os dois acabaram por recrutar um terceiro membro, também estagiário, e durante a noite o trio usou os cartões de identificação para entrarem sorrateiramente no Centro Espacial John Carter (onde estavam os items) e trouxeram o cofre (que pesava mais de duzentos quilos).
A 20 de julho de 2002, no 33.º aniversário da primeira aterragem na lua, Roberts e Fowler conduziram até Orlando para se encontrarem com o comprador, mas antes fizeram uma paragem num hotel na zona.
Uma década mais tarde, Roberts contou à CBS News, que, enquanto esperavam, ele e Fowler tiveram “sexo na lua”.
As pedras lunares ficaram por baixo dos cobertores, enquanto o casal tinha relações sexuais.
“Foi mais pelo simbolismo daquilo que estávamos a fazer, basicamente a ter sexo na lua. Foi mais desconfortável do que outra coisa, mas o conforto também não era o objetivo. Era uma expressão. E nunca ninguém teve sexo na lua antes, acho que podemos dizer isso com certeza”, explicou Roberts.
Após o ato, o casal foi encontrar-se com o comprador, mas acabaram por ser surpreendidos por agentes do FBI à paisana, que os detiveram no local.
As rochas lunares foram recuperadas do quarto de hotel, apesar de serem já “basicamente inúteis para a comunidade científica”, segundo o FBI. O furto destruiu o trabalho de três décadas de investigação espacial.
Na mesma entrevista à CBS News, Roberts admitiu que, na altura, não olhou para o plano como “um furto”.
“Não íamos usar o dinheiro que ganhávamos com isto para comprar um iate, muitos carros ou uma casa grande. Íamos continuar a viver com o mesmo estilo de vida simples que tínhamos, mas financiar ciência que poderia mudar o mundo”, confessou.
No julgamento, os três estagiários declararam-se culpados do crime. Roberts foi sentenciado a oito anos numa prisão federal, acabando por cumprir seis. Os outros dois ficaram 180 dias em prisão domiciliária e cumpriram 150 horas de serviço comunitário.
Roberts e Fowler nunca mais se viram.
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