Segundo um comunicado conjunto dos ministros de Relações Internacionais e Cooperação, e de Comércio, Indústria e Competição da África do Sul, o país vai continuar a negociar com Washington com a intenção de alcançar um acordo comercial.
"Será negociado pragmaticamente, protegendo a integração regional e a tarifa externa comum da União Aduaneira da África Austral [SACU, na sigla em inglês], que representa 9% das nossas exportações globais", afirmaram no documento.
Ao mesmo tempo, vão diversificar os mercados para outros países e continentes, como a Europa, onde a Parceria de Comércio e Investimento Limpo com a União Europeia lançou um pacote de investimento de 90 mil milhões de rands (aproximadamente 4,3 mil milhões de euros) em março passado.
Esta aliança busca abrir novos mercados, como a exportação de combustível sustentável para aviação (SAF) e a exportação de veículos híbridos e elétricos.
"Frente aos desafios comerciais globais, a África do Sul está a fortalecer o setor agrícola. Mercados foram abertos na China e na Tailândia, e protocolos essenciais para produtos como as frutas cítricas foram assegurados. Só a China representa um mercado de 200 mil milhões de dólares", lê-se no documento.
A África do Sul tem ampliado alianças em mercados como Ásia e Médio Oriente, incluindo Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita, além de desenvolver pacotes de comércio e investimento no Japão para abrir novas portas às exportações.
O Governo tentará acelerar o desenvolvimento e expansão da Área Continental Africana de Livre Comércio (AfCFTA) e desenvolver novas parcerias nos mercados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e Turquia.
A nível local, o Governo vai avançar com um pacote de resposta económica para orientar as empresas afetadas para novos mercados, apoios financeiros e um futuro Programa de Competitividade e Exportação.
As medidas de apoio às empresas estarão destinadas a absorver o impacto das tarifas e facilitar estratégias de "crescimento e resiliência" a longo prazo que protejam o emprego e a capacidade produtiva.
Os impostos de 30% vão entrar em vigor esta quinta-feira e vão ter um maior impacto nos setores da agricultura, têxtil, automóvel, aço, alumínio, entre outros, e podem colocar em risco 100 mil postos de trabalho.
Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial da África do Sul e um dos principais destinos para as exportações de automóveis, produtos siderúrgicos e cítricos.
As relações diplomáticas entre os dois países pioraram desde que o Presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou em fevereiro a suspensão da ajuda económica à África do Sul, ao acusar o Governo de confiscar terras da minoria 'afrikaner' (sul-africanos brancos descendentes de colonos holandeses) e pela postura crítica em relação a Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça.
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