O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou, no domingo à noite (madrugada de segunda-feira em Lisboa), acerca do reposicionamento dos submarinos nucleares que têm andado a 'navegar' numa troca de farpas entre o próprio e o antigo presidente da Rússia Dmitry Medvedev.
"Já fiz uma declaração sobre isso e a resposta é que estão na região... Onde devem estar", referiu, citado pela imprensa nacional.
Note-se que a declaração surge depois de Trump ordenar que dois submarinos nucleares fossem reposicionados para a "região apropriada", depois de 'perder a paciência' com Moscovo e ameaçar que se a guerra com a Ucrânia não terminasse até sexta-feira, dia 8, Washington ia colocar sanções económicas à Rússia.
As declarações de Trump foram feitas na sua rede social, Truth Social, e, poucas horas depois, Medvedev descreveu as ameaças do presidente dos EUA como "um caminho para a guerra", dado o "ultimato."
"As palavras são muito importantes e podem muitas vezes levar a consequências inesperadas. Espero que este não seja um desses casos", respondeu Trump.
Ainda no domingo, Trump apontou também que a Rússia é "muito boa a evitar sanções". "São personagens astutas. Portanto, vamos ver o que acontece", atirou.
Segundo as publicações internacionais, o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff, deverá viajar para a Rússia ainda antes do prazo deste “ultimato” terminar, mas Trump não falou sobre em que dia iria acontecer a visita oficial.
Já esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Moscovo estava "muito feliz" por receber Witkoff.
"Temos sempre o prazer de ver o Sr. Witkoff em Moscovo. Consideramos estes contatos importantes, significantes e úteis", declarou aos jornalistas esta manhã, acrescentando que poderia estar em cima da mesa um possível encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Já quanto às palavras de Trump, Peskov advertiu: "A Rússia está muito atenta ao tema da não-proliferação nuclear. E acreditamos que toda a gente deve ser muito, muito cautelosa com a retórica nuclear."
'Resposta' de Trump é "imprudente", diz ex-conselheiro
A gravidade desta troca de farpas e declarações de Trump foi avaliada pelo seu antigo conselheiro John Bolton, que considerou que a decisão de ordenar o envio os navios nucleares era "muito arriscada" e "imprudente".
Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional, considerou, em declarações à CNN Internacional, que Trump aparenta que “não compreende a forma como a Marinha dos EUA funciona” e qual é o plano da operação da mesma.
Note-se que, quando se referiu aos submarinos, não especificou se estava a falar de submarinos de propulsão nuclear – ou seja, movidos por reatores nucleares – ou de submarinos que estão equipados com armas nucleares.
Segundo explicou o antigo conselheiro à publicação, a Marinha dos Estados Unidos tem três tipos de submarinos, mas só os da classe Ohio carregam armas nucleares.
Estes submarinos possuem mísseis balísticos e não ficam parados em porto, estando posicionados para retaliar em caso de ataques. "É por isso que já estão. Para não precisarem de ser movidos para lado nenhum", explicou. Sendo a sua localização secreta, por motivos de segurança, estes submarinos podem, "com sorte", ser indetectáveis.
"Dizer que os vai mover indica que não sabe como eles funcionam", apontou, logo depois da troca de farpas entre Trump e Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia.
Ainda quanto à troca de palavras entre os dois líderes, Bolton considerou que existe muita imprudência da parte de Trump em responder a Medvedev, já que este ocupa atualmente um cargo "equivalente ao de vice-conselheiro de Segurança Nacional nos EUA."
"É realmente muito imprudente que o presidente responda a alguém como ele, independentemente do que [Medvedev] esteja a dizer sobre qualquer assunto. Mesmo que alguém deva responder-lhe, não deve ser o presidente", afirmou.
Note-se que ainda que durante o desentendimento, Trump disse que Medvedev era "ex-presidente falhado da Rússia, que pensa que ainda é presidente, para ter cuidado com o que diz. Ele está a entrar em território muito perigoso."
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