Por mais um ano, os familiares das vítimas convocaram duas marchas paralelas, uma a partir da Praça dos Mártires da capital libanesa e outra a partir do quartel dos bombeiros do bairro de Karantina, que perdeu dez efetivos enquanto tentavam conter o incêndio que desencadeou a explosão no porto da cidade em 2020.
O Presidente libanês, Joseph Aoun, prometeu hoje que será feita justiça, sublinhando que o Estado libanês está "empenhado em descobrir toda a verdade, independentemente dos obstáculos ou das altas posições envolvidas".
"A lei aplica-se a todos, sem exceção", afirmou o Presidente numa declaração, prometendo "transparência e integridade" na investigação.
Ayoun, dirigindo-se aos familiares das vítimas, frisou que o sangue dos seus entes queridos "não será derramado em vão", acrescentando que a justiça e a responsabilidade estão "a chegar".
A marcha de Karantina foi conduzida por um carro de bombeiros do quartel, que se deslocou ao lado dos manifestantes, tocando as sirenes e hasteando no mastro uma enorme bandeira libanesa manchada de vermelho, como símbolo do sangue derramado há cinco anos.
Em silêncio, os participantes transportavam fotografias dos mortos e também dos feridos, como foi o caso de Lara Hayek.
Um cartaz mostrava imagens da jovem antes da tragédia e das sequelas que sofreu. Lara Hayek permanece no hospital "cinco anos depois", referia outro cartaz.
Ambas as marchas convergiram para a zona do porto de Beirute, onde a tragédia teve origem, para participar numa cerimónia.
Estava igualmente previsto que às 18:00 locais (16:00 em Lisboa) todas as atividades na zona portuária parassem para um minuto de silêncio.
A investigação judicial sobre a explosão, causada por centenas de toneladas de nitrato de amónio armazenadas no porto da cidade durante mais de seis anos sem medidas de proteção, tem sido constantemente obstruída por antigos altos funcionários e suspeitos no caso.
O magistrado responsável pelo inquérito, Tarek Bitar, foi forçado a suspendê-lo quase continuamente desde o final de 2021 até ao início deste ano, quando pôde ser retomado após uma série de mudanças das autoridades judiciais e a nomeação de um novo governo.
O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, sublinhou no domingo que "revelar a verdade e julgar os responsáveis" pela explosão no porto de Beirute é uma causa nacional.
Nawaf Salam participou numa cerimónia realizada perto do porto da capital libanesa para inaugurar a Rua das Vítimas do 04 de agosto, em memória dos mortos e dos feridos da explosão.
"Revelar a verdade sobre o que aconteceu na explosão do porto e julgar os responsáveis não é uma exigência pessoal, mas uma causa nacional", afirmou Salam.
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