Advogados pedem 30 anos de prisão para médico por genocídio do Ruanda
Os advogados gerais pediram hoje uma sentença de trinta anos de prisão contra o ex-médico ruandês Sosthène Munyemana, julgado no Tribunal de Primeira Instância de Paris, pelo seu possível envolvimento no genocídio do Ruanda em 1994.
© ALAIN JOCARD/AFP via Getty Images
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Os dois juristas pediram ao tribunal que reconhecesse o arguido, de 68 anos, que vive no sudoeste de França desde setembro de 1994, culpado de genocídio, crimes contra a humanidade, participação numa conspiração com vista à preparação destes crimes, bem como por cumplicidade.
"A soma das escolhas de Sosthène Munyemana" entre abril e junho de 1994 "desenha os traços de um genocida", afirmaram os magistrados na acusação.
"Ele sabia, escolheu apoiar o plano genocida, escolheu ocupar um papel central e essencial neste sistema", acrescentaram.
Sosthène Munyemana é suspeito de ter desempenhado um papel nos massacres, ao assinar uma moção de apoio ao governo interino estabelecido após o ataque ao avião do Presidente hutu Juvénal Habyarimana, que incentivou os assassínios cometidos entre abril e julho de 1994.
Este genocídio deixou, segundo a ONU, mais de 800 mil vítimas, a maioria delas de etnia tutsi.
O médico também é acusado de ter montado barreiras e patrulhas em Tumba, na prefeitura de Butare (no sul de Ruanda), nas quais as pessoas foram presas antes de serem mortas, bem como de ter usado a chave de um escritório do setor onde os tutsis foram presos antes de serem mortos.
Ao longo das cinco semanas de audiências e debates no Tribunal de Justiça, Sosthène Munyemana nunca deixou de contestar as acusações, alegando ter sido um hutu moderado que, pelo contrário, tentou "salvar" os tutsis, oferecendo-lhes "refúgio" naquele gabinete do setor em questão.
"É o local mais exposto de Tumba, não há esperança de sobreviver ali escondendo-se ali", pelo contrário, estimou a defensora geral Sophie Havard, descrevendo este local como um "corredor de mortos".
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