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Barbados pede fundo baseado na venda de combustíveis fósseis

A primeira-ministra de Barbados criticou hoje a falta de um mecanismo de compensação por perdas e danos aos países mais afetados pelas alterações climáticas, defendendo que os lucros da venda de combustíveis fósseis poderiam financiá-lo.

Barbados pede fundo baseado na venda de combustíveis fósseis
Notícias ao Minuto

17:25 - 08/11/21 por Lusa

Mundo COP26

Mia Mottley, que tem sido na 26.ª cimeira do clima das Nações Unidas uma porta-voz dos interesses dos países "na linha da frente" a sofrer consequências das alterações climáticas, afirmou que "não há medida melhor de como o mundo falha na crise climática do que o falhanço no financiamento do mecanismo de perdas e danos".

Oito anos depois de ser criado, o chamado Mecanismo de Varsóvia continua a não passar de uma promessa, apontou, referindo que foi usada para conseguir a adesão dos estados insulares como Barbados ao Acordo de Paris em 2015.

Continuar a adiar a sua concretização é "uma negação da crise climática e dos 20 a 40 por cento da população mundial que vivem numa 'zona vermelha'" em risco de sofrer impactos destruidores das alterações climáticas, referiu.

A governante sugeriu um mecanismo assente em "01% do lucro da venda de combustíveis fósseis, que geraria cerca 70 mil milhões de dólares por ano" e que reverteria para países que tivessem sido afetados pelas alterações climáticas em situações sujeitas a avaliação de um organismo independente.

"Seria sustentável. Seria um começo. Um fundo para perdas e danos é um imperativo", reforçou.

O presidente da COP26, Alok Sharma, reconheceu que "é vital tratar das perdas e danos", indicando que uma estimativa da Cruz Vermelha Internacional refere que "1,7 mil milhões de pessoas" foram afetadas por fenómenos meteorológicos extremos desde 2010 e que estes impactos "continuarão mesmo que se reduzam as emissões" de gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global e por alterações climáticas.

"Há uma determinação renovada para encontrar soluções e uma mudança de tom para agir de forma mais prática", referiu numa sessão sobre perdas e danos, o principal tema do programa de hoje da cimeira, a par do financiamento da adaptação às alterações climáticas.

Sharma reiterou que "apesar do progresso, há muito mais para fazer", afirmando que durante as negociações que decorrerão esta semana, as partes "concordarão num novo objetivo" de angariação de verbas para financiamento climático pós-2025.

Até lá, reiterou que serão mobilizados 500 mil milhões de euros contribuídos pelos países desenvolvidos, que em 2009 se comprometeram a reunir 100 mil milhões por ano até 2020, um objetivo que não foi cumprido.

Intervindo por videoconferência, Mia Mottley salientou que "quando os países na linha da frente começaram a reclamar perdas e danos, a resposta inicial foi que as seguradoras ajudariam, mas as maiores companhias de seguros do mundo estão instaladas em regiões que ainda não sofreram perdas materiais".

No entanto, olhando para a situação de países como a República Dominicana, que sofreu os efeitos destrutivos de vários furacões nos últimos anos, percebe-se que "a crise climática não pode ser posta no seguro".

As seguradoras, salientou, já perceberam que fazer seguros nesses países é garantir que vão falir e "vão-se embora quando [os países mais afetados] mais precisam das suas reservas".

Por outro lado, esses países estão a pagar seguros nos anos em que não precisam deles e quando precisam, não são compensados.

"É como um cinto de segurança que deixa de funcionar quando se passa o limite de velocidade, uma completa perda de tempo", ilustrou.

Mottley insistiu que este ónus colocado sobre os países mais vulneráveis é responsabilidade dos países mais desenvolvidos, que são os que mais poluem e têm maior responsabilidade pelas alterações climáticas.

"É como alguém que atira lixo para o quintal do vizinho e lhe diz que é ele que tem que pagar para retirar o lixo. Entretanto, o vizinho fica sem dinheiro para pagar a prestação da casa, a comida ou os medicamentos", argumentou.

Leia Também: Combate às alterações climáticas é "uma maratona e não uma corrida"

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