Boris criticado por "gozar" com fecho de minas nos anos 1980
O primeiro-ministro britânico provocou hoje indignação ao afirmar que o encerramento, pela antiga primeira-ministra Margaret Thatcher, das minas de carvão, que teve um enorme custo social, permitiu ao Reino Unido o avanço atual na transição energética.
© Daniel Leal-Olivas-WPA Pool/Getty Images
Mundo Reino Unido
Questionado durante uma visita a um parque eólico na Escócia na quinta-feira, Boris Johnson, líder do Governo conservador, sublinhou o progresso que a decisão permitiu.
"Graças a Margaret Thatcher, que fechou um grande número de minas de carvão em todo o país, começámos cedo a afastarmo-nos do carvão e hoje estamos muito longe" desse tipo de energia, disse antes de, segundo a comunicação social, começar a rir.
O setor mineiro chegou a ser o mais importante do Reino Unido e as minas de carvão estão intimamente ligadas à história económica e social do país, tendo, na década de 1980, sido um símbolo da oposição ao ultraliberalismo da primeira-ministra da época.
O encerramento das minas provocou, na altura, duras greves e violência e, hoje, muitos dos antigos locais de mineração permanecem devastados e com altas taxas de desemprego.
Os comentários de Boris Johnson foram considerados "vergonhosos" pelo líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer.
"Ao gozar com as repercussões devastadoras dos encerramentos das minas, [Boris Johnson] mostra como está completamente desligado dos trabalhadores", afirmou.
Tanto o Partido Trabalhista como os primeiros-ministros da Escócia e do Pais de Gales, Nicola Sturgeon e Mark Drakeford respetivamente, classificaram as declarações de Boris Johnson como "rudes e insensíveis" e exigiram um pedido de desculpas.
"Vidas e comunidades inteiras da Escócia foram dizimadas pela destruição da indústria do carvão por Thatcher (cuja decisão não teve nada a ver com quaisquer preocupações com o planeta)", disse Sturgeon.
As últimas minas de carvão no Reino Unido fecharam em 2015, com exceção de pequenos locais.
As declarações de Boris Johnson foram ainda mais criticadas porque o seu partido, cujo programa é pró-'Brexit' e defende o reequilíbrio económico, conseguiu uma forte subida nas últimas eleições legislativas nas regiões desindustrializadas do Norte da Inglaterra, que votam tradicionalmente nos trabalhistas.
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