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Polónia volta a instar Berlim a suspender gasoduto germano-russo

A Polónia voltou hoje a apelar à Alemanha para suspender a construção do gasoduto germano-russo Nord-Stream 2, um projeto que Varsóvia classifica como um "golpe para a Europa" ao serviço da "política agressiva" de Moscovo.

Polónia volta a instar Berlim a suspender gasoduto germano-russo
Notícias ao Minuto

13:49 - 11/02/21 por Lusa

Mundo Polónia

"O Nord-Stream 2 vai aumentar a dependência energética europeia e vai enfraquecer a nossa economia. Ainda vamos a tempo de o parar", escreveu o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, na rede social Twitter.

A Polónia, a par da Ucrânia, há muito que reclama a suspensão dos trabalhos de construção deste gasoduto -- que estão praticamente concluídos -, exigência que ganhou agora um novo fôlego na sequência das críticas europeias a Moscovo por causa da detenção e condenação do líder da oposição russa Alexei Navalny.

O executivo da chanceler alemã, Angela Merkel, defende o gasoduto, considerando que este projeto, que pretende transportar gás natural da Rússia para a Alemanha e que há muito está envolvido numa disputa económica e geopolítica, não deve ser vinculado ao caso Navalny.

Recentes declarações do Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, ao jornal alemão Rheinische Post geraram ainda mais controvérsia em torno do projeto.

Frank-Walter Steinmeier afirmou que o Nord-Stream 2 era como uma "ponte entre a Rússia e a Europa" que, caso fosse cortada, poderia levar a um agravamento talvez irreversível das relações com Moscovo.

Nas mesmas declarações, Frank-Walter Steinmeier considerou ainda que o projeto energético tem uma "dimensão histórica" e recordou os milhões de mortos soviéticos caídos na Segunda Guerra Mundial desencadeada pela Alemanha nazi.

Estas declarações do Presidente alemão vieram reforçar as críticas da Polónia e da Ucrânia, países que terão fortes repercussões económicas a partir do momento em que o gasoduto Nord-Stream 2 comece a operar.

A polémica em torno do Nord-Stream 2 também está a envolver o ministro das Finanças e vice-chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, devido a um alegado acordo com os Estados Unidos da América para evitar as sanções anunciadas por Washington, no final de 2019, contra o gasoduto e os investidores estrangeiros envolvidos no projeto.

Segundo denunciou recentemente a organização Ajuda Ambiental Alemã (DUH), Olaf Scholz terá proposto em agosto de 2020 ao então secretário do Tesouro da administração norte-americana liderada por Donald Trump, Steven Mnuchin, um acordo que implicava um investimento no gás norte-americano na ordem dos mil milhões de euros em troca da renúncia das sanções.

Olaf Scholz, que vai ser o candidato a chanceler do Partido Social-Democrata (SPD, centro-esquerda) nas próximas eleições na Alemanha (previstas para 26 de setembro deste ano), afirmou há uma semana estar convencido de que o Nord-Stream 2 vai ser concluído, apesar da pressão de alguns parceiros europeus, bem como dos Estados Unidos.

Avaliado em cerca de 9.500 milhões de euros, o gasoduto -- já construído em cerca de 95% - é propriedade do fornecedor russo de gás Gazprom, mas envolve igualmente cerca de 120 investidores, alemães e de outros países europeus.

Até à data, Berlim sempre argumentou que o projeto é essencial para a transição energética, afirmando igualmente que estão em jogo os interesses alemães e os compromissos assumidos com os vários investidores envolvidos, incluindo os europeus.

Segundo fontes da Gazprom, a construção do último traçado do Nord-Stream 2 em águas territoriais da Dinamarca estará finalizada em abril.

O gasoduto Nord-Stream 2 começa na Rússia e passa por áreas marítimas da Finlândia, Suécia, Dinamarca e da Alemanha, antes de alcançar a costa alemã.

O plano é transportar gás natural (com uma capacidade na ordem dos 55 mil milhões de metros cúbicos anuais) diretamente da Rússia para a Europa, num trajeto de cerca de 1.200 quilómetros.

O projeto permitirá a Moscovo duplicar as entregas de gás natural russo na Europa, em especial na Alemanha.

Leia Também: Navalny. Berlim defende projeto Nord Stream 2 e rejeita apelos de Paris

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