"A Comissão Europeia está atualmente a negociar (...) até ao fim de semana ou, melhor dizendo, até ao final desta semana para ver se ainda pode haver uma solução. Existiram progressos, mas não avanços", declarou Merkel, cujo país ocupa até ao final de dezembro a presidência semestral rotativa do Conselho da UE, que será assumida por Portugal no início do ano.

"Continuamos a acreditar que um acordo seria melhor do que nenhum acordo, mas estamos preparados para este segundo cenário", acrescentou a chanceler da Alemanha.

As negociações entre britânicos e europeus para tentar alcançar um acordo comercial pós-'Brexit' (como ficou conhecido o processo de saída do Reino Unido do bloco comunitário) têm registado alguns desenvolvimentos, mas as divergências persistem em matérias sensíveis, como é o caso das questões relacionadas com o setor das pescas.

"Os próximos dias serão decisivos" afirmou hoje, por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Dirigindo-se ao Parlamento Europeu, Ursula von der Leyen comentou que ainda há um "caminho muito estreito" para um acordo comercial pós-'Brexit' com o Reino Unido e garantiu que a UE tudo fará pela sua parte para tentar chegar a um compromisso nos próximos dias.

"Como as coisas estão, não posso dizer-vos se haverá um acordo ou não. Mas posso dizer-vos que agora há um caminho para um acordo. O caminho pode ser muito estreito, mas está lá. E, como está lá, a nossa responsabilidade é continuar a tentar", sublinhou.

Perante uma assembleia que terá de ratificar um acordo antes do final do ano caso este seja negociado -- tendo em conta que o período de transição aplicado ao Reino Unido termina a 31 de dezembro --, Von der Leyen referiu: "O relógio nos coloca a todos numa situação muito difícil".

O Reino Unido abandonou a UE a 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31 de dezembro.

Na ausência de um acordo, as relações económicas e comerciais entre o Reino Unido e a UE passam a ser regidas pelas regras da Organização Mundial do Comércio e com a aplicação de taxas aduaneiras e quotas de importação, para além de mais controlos alfandegários e regulatórios.

Tal cenário irá implicar mais pressão para as economias já fragilizadas por causa da atual pandemia do novo coronavírus.

As duas partes estão a preparar-se para o cenário de ausência de acordo ('no deal'), ainda apontado como o mais provável, e tanto a UE como o Reino Unido estão a acelerar os respetivos planos de contingência.

Por exemplo, os Estados-membros da UE aprovaram hoje uma série de propostas legislativas com vista a preparar o setor dos transportes para o caso de não haver acordo até final do ano com o Reino Unido.

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